Uma bactéria desconhecida tem deformado partes do corpo dos detentos da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), em Roraima.O caso do germe que tem “comido” a pele e deixado membros dos presos em estado de composição, começou a repercutir nos últimos dias após reportagem do Jornal Folha de Boa Vista.
A imprensa local confirmou a veracidade das imagens e posteriormente a Comissão de Direitos Humanos da OAB-RR e a Defensoria Pública Estadual visitaram o hospital e a penitenciaria.
Apesar da repercussão recente, o caso não é tão novo. O presidente da OAB local, Ednaldo Vidal, considera o que está acontecendo na penitenciária uma vergonha.
“Tomamos conhecimento do caso quando recebemos denúncias de que presos foram encaminhados ao Hospital Geral de Roraima nessa situação degradante. Encaminhei os fatos à Comissão dos Direitos Humanos, que visitou o hospital e a prisão, e constatou o descontrole dessa doença entre os presos”, explica.
Segundo o advogado, as condições de higiene na prisão são inaceitáveis. “As autoridades públicas precisam dar as condições mínimas para que os diretores, os agentes e os profissionais do presídio trabalhem. Na penitenciária falta água, falta papel higiênico e remédio Os presos estão sendo comidos vivos por uma bactéria que sequer foi identificada”, explica. Mais de 20 detentos apresentam paralisia nas pernas e pele em decomposição.
Vidal afirma que a OAB-RR já denunciou o caso ao presidente do TJ-RR, à Procuradoria-Geral de Justiça, CDH-CFOAB, STF, CNJ e PGR. “Já enviamos o ofício denunciando o caso para as maiores autoridades judiciárias do país e ninguém fez nada até agora. Temos o número de todos os ofícios. Primeiro teve uma epidemia de sarampo. E agora está pior. Aquilo é um caldeirão de desumanidade. A OAB já contribuiu doando ar-condicionado, remédios, sabonetes bactericidas, mas só o poder público pode resolver”, diz.
Vidal explica que também pediu para que a Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal da OAB encaminhe o caso para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
“Uma coisa que tem que ser dita é que o Poder Judiciário de Roraima é um dos que mais prendem no país proporcionalmente. Tem pessoas lá que poderiam estar soltas com medidas cautelares, réus primários, pessoas sem personalidade voltada para o crime”, explica.
As informações prestadas por Vidal correspondem a dados do Infopen de 2017. O estado tem a nona maior taxa de presos provisórios do país.
*Com informações Conjur