Sandálias, lençóis, copos e produtos de higiene foram espalhados em frente à Cadeia Pública Feminina de Boa Vista, localizada no bairro Asa Branca, na manhã de ontem, 30. De acordo com familiares, os pertences das presas foram retirados das celas e jogados na rua sem qualquer justificativa.
Conforme relatos dos parentes, tudo teve início por volta das 9h, quando uma pessoa tirou foto de todos os objetos enrolados nos lençóis. Ao se dirigirem para a sede da unidade prisional, tiveram pouco tempo para retirar alguns pertences, mas logo foram impedidos e afirmaram que ouviram ameaças por parte dos agentes penitenciários.
“A gente tem um grupo [no WhatsAPP] para avisar quando tiver esse tipo de acontecimento. Quando chegamos aqui, não sabíamos o que estava acontecendo porque já estava tudo revirado. Uma policial disse que não era para a gente pegar nada porque era tudo lixo”, contou a tia de uma das presas.
No período da tarde, a equipe de reportagem chegou ao local no momento em que as detentas recolhiam os pertences que seriam jogados no lixo. Entre os objetos, estavam também absorventes, roupas íntimas, escovas de cabelo e até Bíblias. Marmitas plásticas estavam acumuladas, assim como restos de ventiladores. Segundo uma das mães ouviu de um agente penitenciário a motivação seria pela segurança das presas, pois se tratava de itens perfurantes.
“Falaram pra gente que elas teriam sido espancadas lá dentro também, mas não sabemos se isso é verdade porque ninguém diz nada. Só vimos quando uma saiu daqui para ir ao hospital. Eles [agentes] disseram que se ‘encostássemos’ ali, iríamos levar bala”, destacou a tia de uma delas.
A irmã de uma das presas criticou a situação e lamentou ver os pertences jogados na rua. Segundo ela, além de não ter sobrado nada dentro das celas, o dinheiro das famílias está sendo desperdiçado, já que tudo é custeado pelos parentes. “Elas vão pegar sabonete e cortar uma a outra, é isso?”, questionou a familiar.
OUTRO LADO – A equipe de reportagem entrou em contato com o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), responsável pelo sistema prisional de Roraima, questionando os motivos que levaram à atitude dos agentes e sobre as ameaças feitas aos parentes. Não foi enviada resposta até o fechamento desta matéria. (A.P.L)