AYAN ARIEL
Editoria de Cidades
Pensado com o objetivo de ampliar o atendimento do Hospital Geral de Roraima (HGR), o prédio anexo da unidade, cuja obra foi iniciada em 2011, no mandato do então governador Anchieta Júnior (1965-2018), segue sem previsão de entrega. Foi orçada em R$ 33 milhões, com emendas para aquisição de equipamentos que atingem o valor de R$ 21,5 milhões.
O projeto original contemplaria 120 leitos de internação divididos em quatro pavimentos, 40 leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 10 salas de cirurgia. Mas enquanto a obra não é entregue, a população segue buscando atendimento no prédio principal, que constantemente se encontra superlotado.
A auxiliar de serviços gerais Rosana Batista, de 40 anos, vem acompanhando o irmão, que está há um mês internado no centro hospitalar e acredita que, sem o anexo pronto, a população será prejudicada, principalmente pacientes que ficam nos corredores do Hospital.
“Se esse prédio tivesse sido entregue direitinho, no momento certo, não teria essa quantidade de pessoas nos corredores do HGR. A maioria das pessoas que estão internadas são senhores e senhoras de idade. Se estivesse pronto, tenho certeza que essas pessoas já estavam em um leito”, opinou a mulher.
Uma mulher de 58 anos que não quis se identificar reforçou o alto número de pessoas atendidas. “Graças a Deus sempre que venho aqui, sempre fui atendida, apesar de tudo, só que tem essa demora constante, por ter muita gente esperando”, disse.
Já outro homem, que também não se identificou, não acredita que a obra será entregue tão cedo. “Já veio tanto dinheiro para essa obra e ninguém sabe onde foi parar”, declarou.
ANTERIORMENTE – A obra do anexo do HGR foi alvo de acusações por parte do governador Antonio Denarium (sem partido). Em março de 2019, o chefe do executivo denunciou que um possível desvio de verba teria ocorrido durante a construção do bloco. Porém, na época os valores ainda estavam sendo levantados.
Na ocasião, o governador também fez reclamação acerca da projeção do hospital, que teria ignorado a necessidade de saídas de emergência e os geradores de energia. Por conta disso, seriam desembolsados mais R$ 20 milhões da conta estadual para a finalização do empreendimento.
VISITAS TÉCNICAS EM 2019 – Ainda falando no governador, Denarium visitou, em janeiro do ano passado, o local para inspecionar a situação do andamento das obras. Na ocasião, ele foi acompanhado do ex-secretário de saúde Ailton Wanderley e o secretário de infraestrutura, Edilson Damião Lima.
Outras autoridades também chegaram a visitar a unidade em 2019. Em abril, os deputados Renato Silva (PRB), Neto Loureiro (PMB) e Tayla Peres (PRTB), membros da comissão de viação, transporte e obras, da Assembleia Legislativa de Roraima (Alerr), inspecionaram o local junto com o secretário-adjunto de infraestrutura, Raimundo Maia.
Por meio de nota, o Governo de Roraima esclareceu que a obra foi retomada no ano passado, com investimentos do projeto inicial em cerca de R$ 35 milhões, de recursos de financiamento junto ao Banco do Brasil, sem contar o acréscimo do novo processo (R$ 15 milhões) que ainda será licitado. Ainda segundo o executivo estadual, a previsão de entrega da obra é para o mês de setembro.
A Casa Civil assumiu que o empreendimento está em fase de ajustes contratuais, já que o contrato se encontra em rescisão. Uma nova licitação para contratar outra empresa está em andamento.
“Após revisão dos projetos e inclusão de serviços essenciais que faltavam no projeto original (SPDA, Subestações de Energia, Grupos Geradores, Rampa de Saída de Emergência, Climatização, CFTV, Rede Lógica, Gases Medicinais), será aberta nova licitação para contratar outra empresa no próximo mês de fevereiro/2020”, acrescenta a nota.
Por fim, o governo diz que o novo processo licitatório dos remanescentes dos serviços e revisões de projetos trará a plena funcionalidade e o aumento de leitos de internação, de UTI e cirurgias, possibilitando a continuidade das obras de investimentos de reforma nos demais Blocos do HGR (Bloco A, D e C) e construção do Centro de Diagnóstico de Imagem – CDI, inclusive os Blocos B e Grande Trauma já estão em execução, estabilizando a grande demanda que recebe o único hospital de média e grande complexidade que atende a todo o Estado de Roraima.
O presidente do Sindicato dos Profissionais de Enfermagem do Estado de Roraima (Sindprer), Melquisedek Menezes, reforçou a importância da entrega da obra para o atendimento do Hospital Geral de Roraima, frisando que a atual estrutura não comporta o fluxo atual.
“As estruturas do HGR não são mais suficientes em quantidades de atendimento, acomodação dos pacientes e para o atendimento com qualidade realizado pelos profissionais de saúde, principalmente os da enfermagem”, destacou.
Menezes ressaltou que órgãos competentes, como o Ministério Público, a Assembleia Legislativa e o Tribunal de Contas devem estar atentos a situações como a desse anexo, a fim de gerar garantia de uma saúde melhor.
Outro ponto comentado pelo presidente do sindicato são as despesas que são geradas ao estado enquanto o prédio anexo não é entregue. “São mais gastos para o Estado e para a Secretaria de Saúde (Sesau), porque se faz contratos com hospitais particulares para ter leitos de retaguarda. Isso é um custo benefício que sai caro para o executivo, a população e o trabalhador. O que se busca é uma saúde pública de qualidade”, acrescentou.
Por fim, ele pontuou que um atendimento digno, com acomodações humanizadas, que dê condições ao profissional de prestar assistência é o que vem sendo buscado pela categoria para melhorar a saúde em Roraima.
“Essa é a nossa cobrança ao longo dos anos e, se o anexo for entregue, com certeza haverá maiores benefícios para a saúde pública do Estado e à população. Quanto mais breve esse anexo for entregue, melhor será para todos e teremos um estado próspero e saudável”, concluiu Menezes.