Dados do Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (CNES), relativos a dezembro de 2017, apontam que o Brasil tem um déficit de 3.305 leitos de Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) específicos para o acolhimento de crianças que nasceram antes de 37 semanas e que apresentam quadros clínicos graves ou que necessitam de observação. Pelo levantamento, Roraima apresenta um dos piores indicadores.
Enquanto o Departamento Científico de Neonatologia indica que a proporção ideal de leitos de UTI Neonatal deve ser de, no mínimo, quatro leitos para cada grupo de mil nascidos vivos, Roraima tem uma proporção de apenas 1,1 leito para cada mil nascidos vivos. A proporção é a mesma no Acre, Amapá e Amazonas. Conforme o levantamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), os 12 leitos disponíveis de UTI Neonatal do Estado estão em Boa Vista.
A pediatra e neonatologista Ana Carolina Brito destacou que, diferente do cenário nacional, Boa Vista possui apenas uma UTI Neonatal para atender todo o Estado. Além disso, pelo fato de o Estado ser fronteiriço e contar com uma grande população indígena, há uma sobrecarga nas demandas. Dos 12 leitos disponíveis, oito já estão habilitados perante o Ministério da Saúde (MS) e quatro estão em processo de habilitação.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), a diferença entre os habilitados e não habilitados é meramente burocrática, uma vez que a partir da habilitação, o leito passa a ser incorporado aos Limites Financeiros de Média e Alta Complexidade (MAC). Dessa maneira, todos os leitos prestam os mesmos tipos de cuidados especializados, independente da situação junto ao Ministério da Saúde.
Com o aumento da população, principalmente após a imigração venezuelana, a médica destacou a necessidade de mais leitos e espaço físico para atendimentos. “Uma grande dificuldade percebida está na aquisição de materiais e equipamentos, bem como a renovação dos materiais que já temos e a ampliação da equipe de atendimento, visto que cada leito precisa ter médico, enfermeiro e fisioterapeuta”, contou.
ÓBITOS – Nas regiões que possuem um número de leitos abaixo da média, como é o caso de Roraima, a SBP constatou ainda que a ocorrência de mortes foi mais alta. Em 2015, 117 óbitos no período neonatal, de 0 a 28 dias incompletos, foram registrados em Roraima pelo Ministério da Saúde, o que corresponde a uma proporção de 10,3 óbitos para cada mil nascidos vivos. Considerando a necessidade de quatro leitos para cada mil nascidos vivos, o déficit à época foi de 34 leitos. (A.G.G)
Maternidade possui 40 leitos para
cuidado especializado de recém-nascidos
Conforme apontou o levantamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN) possui 12 leitos de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin) em funcionamento, sendo oito já habilitados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, o hospital possui o total de 40 leitos para atendimento especializado de recém-nascidos, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau).
A distribuição ocorre da seguinte maneira. Além dos 12 leitos de Utin, há 20 leitos na Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal (Ucin), destinados para atendimento de recém-nascidos considerados de médio risco e que demandem assistência contínua, seis leitos na Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Canguru e mais dois leitos de isolamento, totalizando 40 leitos. (A.G.G)
Nova UTI vai ofertar 86 leitos
Uma nova Unidade de Terapia Intensiva (UTI) será construída no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN). Por meio de emenda parlamentar da senadora Ângela Portela (PDT), a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) garantiu recursos de aproximadamente R$ 3 milhões para a construção. O projeto está em fase de cadastramento junto ao Ministério da Saúde para que seja licitado em seguida.
O espaço vai ofertar 86 leitos que, além de atenderem a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin), Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal (Ucin) e leitos Canguru, serão destinados ainda para a UTI materna, tendo em vista que, atualmente, as mães que precisam desse serviço são enviadas ao Hospital Geral de Roraima (HGR). Além disso, os investimentos preveem equipar e treinar os profissionais envolvidos na assistência.
Conforme a Sesau, já foram investidos quase R$ 4 milhões em equipamentos para a maternidade desde 2015, o que propiciou à unidade tratamentos inéditos em benefício dos recém-nascidos. Por exemplo, o órgão apontou que a unidade é uma das poucas do país a contar com monitores de óxido nítrico, equipamento moderno que permite salvar vidas de bebês com insuficiências respiratórias.
A pasta ressaltou que, para enfrentar a mortalidade neonatal, é necessário o desenvolvimento de ações por parte também dos municípios, que devem garantir às gestantes acesso às informações sobre fatores de risco na gravidez, orientação alimentar e sobre a amamentação, entre outras. (A.G.G)