Cotidiano

Operação combate comercialização de produtos da Guiana e Venezuela

Ambulantes que vendem produtos irregulares em barracas no Caxambu afirmaram que tinham autorização

Vendedores ambulantes que trabalhavam de forma irregular em dois dos principais centros comerciais da Capital, a Feira do Produtor, localizada no bairro São Vicente, zona Sul, e no Centro Comercial do Caxambu, no Centro, foram pegos de surpresa no início da manhã de ontem.
Em uma operação conjunta, fiscais da Receita Federal, Vigilância Sanitária Municipal e do Conselho Regional de Farmácia (CRF), com o apoio de guarnições da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Guarda Municipal, apreenderam vários produtos contrabandeados da Venezuela e Guiana que estavam sendo comercializados nos dois locais.
Vários brinquedos, roupas, alimentos e medicamentos importados foram levados para a sede da Receita Federal. Os ambulantes não tiveram tempo sequer de recolher os produtos e lamentaram terem perdido toda a mercadoria. “Eles não deram chance para tentarmos guardar nossas coisas e irmos embora, simplesmente chegaram e levaram tudo”, disse uma vendedora, que preferiu não se identificar.
A comerciante Peruana Marisol Brado, que vendia roupas no mercado do Caxambu, contou que os vendedores tinham autorização da Prefeitura para permanecer no local. “A Prefeitura nos deixou trabalhar aqui com a promessa de construir boxes para nós. Esse era meu único meio de vida e, agora, como vou sustentar minha família?”, questionou.
Outro camelô, Marcos Pontes, que trabalha no centro comercial, denunciou que os vendedores que possuem os boxes regularizados no Caxambu comercializam os mesmos produtos contrabandeados, mas não tiveram a mercadoria apreendida. “O produto de todo mundo aqui no mercado é sem procedência, mas a justiça foi feita apenas contra nós, que não vendemos nos boxes”, afirmou.
O delegado da Receita Federal em Roraima, Omar Rubin, explicou que a ação já estava sendo planejada pelos órgãos de fiscalização. Segundo ele, os ambulantes não podem permanecer vendendo produtos pirateados naqueles locais. “Todos estavam, de forma clara, vendendo produtos que entraram de forma irregular no Estado, vindo dos países que fazem fronteira com Roraima”, disse.
Rubin informou que os camelôs têm o prazo de 48 horas para comprovarem a procedência dos produtos. “Após esse prazo, os produtos ilegais sem condições de uso serão destruídos e os que tiverem condições serão doados ou leiloados para entidades sem fins lucrativos”, complementou.
Um ambulante que estava vendendo medicamentos importados sem autorização e com o prazo de validade vencido foi levado pelos fiscais para prestar esclarecimentos à polícia. De acordo com um dos fiscais do Conselho Regional de Farmácia, Moisés Matos, os remédios devem ser incinerados.
“Fizemos a identificação e apreensão desses medicamentos para posterior descarte. Eles irão diretamente para o aterro e serão destruídos”.
A Vigilância Sanitária Municipal, que ficou responsável pela catalogação e quantitativo dos produtos apreendidos, informou que só irá se manifestar a respeito após a contagem das mercadorias. “Vamos divulgar o quantitativo de mercadorias o mais rápido possível. Podemos adiantar apenas que estamos fazendo o levantamento”, disse o coordenador de Produtos e Serviços do órgão municipal, Antônio Fernando.
PREFEITURA- Por meio de nota, a Prefeitura Municipal de Boa Vista (PMBV) não se manifestou em relação às declarações dos ambulantes, de que tinham autorização para comercializarem os produtos contrabandeados na Feira do Produtor e no Caxambu.
A Secretaria de Comunicação disse apenas que a responsabilidade pelos produtos comercializados é dos comerciantes e que cabe ao poder público a fiscalização. (L.G.C)