Cotidiano

Operação prende 7 por esquema de desvios na saúde em Roraima    

A operação em parceria com o MPF aponta para a atuação criminosa da empresa investigada em licitações no governo. Está sendo feita busca e apreensão em 15 lugares

Matéria atualizada às 09h11

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira (19/12) a operação Godfather*, com o objetivo de desarticular um grupo criminoso que seria responsável por fraudes em licitações e desvios de recursos públicos da Saúde Pública em Roraima. A operação é feita em parceria com o Ministério Público Federal (MPF)

A PF cumpre 7 mandados de prisão temporária e 15 de busca e apreensão expedidos pela 4ª Vara Federal de Roraima, após representação da Autoridade Policial e manifestação favorável do MPF. Mais de 60 Policiais Federais participam da ação em Roraima.

As investigações levantaram indícios da formação de um conluio entre os participantes de procedimento licitatório para fornecimento de alimentos para unidades de saúde estaduais de Roraima, inclusive do Hospital Geral de Roraima – HGR, no ano de 2017. O contrato continua vigente até este ano.

O objetivo seria garantir a vitória de uma empresa já investigada no âmbito da operação Escuridão, deflagrada pela PF em 2018 para apurar desvios de recursos públicos no sistema penitenciário.

Entretanto, uma empresa que, em princípio, não faria parte do esquema logrou-se vencedora do certame e teria sido cooptada pela organização para a participação da fraude e pagamentos de propinas. O esquema teria envolvimento de familiares de membros do poder executivo estadual, à época, e servidores públicos, além de empresários.

As propinas seriam pagas para viabilizar os pagamentos de faturas, permitir a renovação de contratos e garantir o atesto fraudulento de recebimento de refeições.

As investigações também apontam para a atuação criminosa da empresa investigada em outros contratos, como em um com a Prefeitura de Boa Vista para fornecimento de alimentos ao Hospital da Criança Santo Antônio.

Apenas do governo estadual, a empresa já teria recebido mais de 14 milhões de reais entre agosto de 2017 e abril de 2019, período cuja documentação bancária e fiscal já constam consolidadas pela investigação. O contrato continua em andamento.

Os investigados poderão responder, na medida de sua participação, pelos crimes de associação criminosa, fraude em licitação, superfaturamento, extorsão, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.

*O nome da operação faz alusão ao sobrenome do principal personagem do filme “O Poderoso Chefão”, o qual é coincidente com o nome da principal empresa investigada.

OUTRO LADO –  A Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) se manifestou por meio de nota. Segue a nota na íntegra:

A Sesau esclarece que a atual gestão não é alvo das ações da operação denominada “Godfather”, deflagrada pela PF (Polícia Federal) na manhã desta quinta-feira, dia 19, em Boa Vista.

Como foi informado, em nota, pela assessoria de imprensa da PF, os mandados judiciais em curso tem como alvo as irregularidades que eram cometidas contra a pasta no período de agosto de 2017 até abril de 2019, ou seja, antes da gestão da secretária de Saúde, Cecília Lorenzom.

Em pouco mais de cinco meses, a nova gestão realizou auditorias em vários contratos de prestação de serviços, entre eles o que estavam relacionados a oferta de alimentação para as unidades hospitalares do Estado. Esse tipo de ação visou não só ajustar o orçamento da secretaria, mas também identificar irregularidades que por ventura estariam acontecendo e que não foram sanadas pelas gestões anteriores.  

A Sesau vê com bons olhos o trabalho que está sendo realizado pelos investigadores da PF, pois revalida os conceitos de transparência e responsabilidade que pautam as ações da atual gestão da secretaria.