Cotidiano

Ovos de granja desaparecem do mercado

Granjas têm limitado a oferta do produto, resultando em desabastecimento em grande parte dos supermercados da Capital

Encontrar ovos de galinha tem se tornado cada vez mais uma tarefa difícil para os consumidores boa-vistenses. Os principais motivos foram a redução da produção local por causa do forte calor, que afeta a produtividade nas granjas, e também a grande demanda desde que os empresários decidiram não mais importar o produto devido à baixa qualidade.

Dona de uma pequena padaria no bairro Asa Branca, zona Oeste, dona Alzira Magalhães, 42 anos, relatou as dificuldades para manter a produção diária de pães, doces e salgados por conta da escassez do produto no mercado. “Há muito tempo que as granjas não estão repassando a matéria-prima para os mercados. Isso tem comprometido a produção e encarecido os preços dos produtos. Para manter o consumidor abastecido, eu tenho recorrido à compra por unidade nos hipermercados, mas de forma bem fracionada, porque os preços também estão bem elevados”, disse.

De acordo com gerentes de estabelecimentos comerciais ouvidos pela Folha, muitas granjas no Estado têm limitado a oferta do produto, resultando em desabastecimento quase que total nas prateleiras de supermercados e mercadinhos na Capital. “Eles [donos de granjas] alegam que estão tendo dificuldades para abastecer o mercado, e isso tem prejudicado principalmente quem necessita de matéria-prima, como as padarias. Infelizmente, é uma situação que piorou de dois anos para cá”, comentou o gerente de supermercado, Samuel Cardoso.

O preço da unidade vendido em pequenos mercadinhos está sendo praticado a 0,85 centavos, uma elevação de 0,30 centavos em relação ao preço praticado anteriormente. Já nos supermercados e hipermercados de Boa Vista, o preço da cartela com 12 unidades está saindo, em média, a R$ 10,00. A de 18 unidades o preço chega a R$ 15,00. 30 unidades a cartela custa R$20,00.

“A gente até tentou viabilizar outra forma de manter o supermercado abastecido, mas os ovos pedidos de fora entravam no Estado sem qualidade, e isso trazia mais prejuízos do que lucro. Então, todo mundo optou por priorizar a produção local”, ressaltou o gerente de supermercado, José Moura.  

ESTIAGEM – Além da demanda elevada, o clima seco registrado no Estado tem contribuído para a queda na produção local. “Antigamente, nossa produção era de 120 dúzias de ovos, no entanto, nos últimos dois anos, esse número caiu para 99, tudo em decorrência do clima seco. Nossos animais acabaram adoecendo com mais facilidade e isso acabou influenciando bastante”, disse a secretária da granja Nossa Senhora de Nazaré, Etilene Zózimo.

Apesar das dificuldades, Etilene ressaltou que a empresa, que fica localizada no Monte Cristo, zona Rural de Boa Vista, tem trabalhado para melhorar a cobertura de atendimento aos consumidores. “Nós estamos com um planejamento de aumentar a nossa produção para os próximos sete meses. Para isso, estamos prestes a finalizar a construção de mais um galpão, o que vai ampliar a nossa cobertura de mercado”, informou. (M.L)