Acompanhantes e pacientes que estão internados no HGR (Hospital Geral de Roraima) procuraram a Folha para relatar a falta de atendimento médico no setor de ortopedia nessa quarta-feira, 15. Segundo eles, a informação é que não há médicos especialistas para prescrever medicação.
Josimar Ferreira Santos está acompanhando o pai que está internado desde domingo, 12. Ele precisou fazer um exame de raio-x, porém não havia maqueiros para levar o paciente para o exame.
“Eu mesmo levei o meu pai, nos disseram que o único médico ortopedista se demitiu. As medicações só podem ser feitas com autorização médica e, por isso, o meu pai está sem remédio e sentindo dores. Nenhum médico viu o resultado do exame que ele fez. Nós estamos com os nossos familiares doentes, sabemos que a situação está difícil, mas não ter um único médico especialista é inaceitável” explicou.
José Ferrari é morador do Cantá e disse que já foi mandado para a casa mesmo com a perna quebrada. Esperando pela cirurgia há três meses, ele teme que a situação se agrave por conta de sua diabetes.
“Moro no interior e espero a cirurgia que não tem previsão. Eu tenho que apelar, sou diabético e tenho comprovante hospitalar que a minha cirurgia é de emergência. Se eu perder a minha perna quem vai se responsabilizar?” disse.
Uma mãe que acompanha o filho de catorze anos também denunciou a estrutura do hospital. “No leito que meu filho está internado, a janela está quebrada com as chuvas está molhando tudo. É uma situação de insalubridade total, tem formiga, barata e besouro” contou.
Governo diz que médicos estão atendendo normalmente e que limpeza está regular
A Folha procurou a Secretaria Estadual de Saúde, que informou que o médico em questão solicitou exoneração do cargo de coordenador da ortopedia por motivos pessoais, na tarde de terça-feira, 14 de maio de 2019. Informou também que o referido médico é servidor concursado e continua cumprindo sua carga horária prevista como ortopedista.
“A Secretaria ressalta que não há falta de ortopedistas para atendimento de pacientes e prescrição de medicação. A Unidade também dispõe de maqueiros, mas que, em momentos de pico nos atendimentos, são priorizadas as portas de entrada de urgência e emergência do Pronto Socorro. Sobre a limpeza, a direção informou que está sendo realizada normalmente, conforme a rotina do Hospital”.
A nota esclarece ainda que as cirurgias eletivas acontecem por meio da Fila única do SUS, um projeto desenvolvido pelo Ministério da Saúde que foi implantando em 2017 em todos os Estados, após reuniões na Comissão Intergestores Tripartite – comissão em que se reúnem Estados, Municípios e o Governo Federal, por meio do Ministério da Saúde, para discutir assuntos de saúde – que buscavam mais celeridade a esses procedimentos.
“A indicação cirúrgica é realizada por um formulário disponibilizado pelo médico, onde são inseridas todas as informações da situação clínica do paciente. Depois de finalizados os exames para comprovação da necessidade do procedimento, o paciente realizará o cadastro na fila única nas unidades solicitantes, onde o próprio paciente teve a indicação. Os atendimentos são feitos por ordem de prioridade, segundo a linha de risco, em termos de complicações sistêmicas, nos órgãos, com sinais clínicos ou radiológicos de doença avançada. Também, por tempo de espera na fila e conforme leis vigentes de priorização”.
Segundo a Sesau, caso ocorra algum impedimento para a realização do procedimento cirúrgico, o paciente retornará para mesma posição na fila, aguardando a nova chamada. “Para os pacientes que se encontram internados, a inserção no sistema é realizada na Unidade de Saúde, onde está sendo assistido, facilitando e acelerando a realização dos procedimentos prioritários. As cirurgias da fila única são aquelas em que o paciente pode aguardar. As cirurgias de urgência e emergência são realizadas de imediato pelo HGR e por isso não entram na fila. Com a data marcada, um técnico responsável entrará em contato com o paciente para avisá-lo da data e quando ele deve se apresentar no HGR para internação”.
A Secretaria informou ainda que as cirurgias eletivas estão ocorrendo normalmente, conforme disponibilidade de leitos nas unidades hospitalares, e o recebimento de insumos pela Coordenação Geral de Assistência Farmacêutica.
“Qualquer cidadão tem o direito de reclamar caso seja mal atendido e que, para isso, o Estado dispõe da Ouvidoria do SUS, que é o órgão responsável por apurar as demandas relacionadas à saúde e dar um retorno à população, processo que é monitorado pelo Ministério da Saúde e pode ser acessada pelo telefone (95) 2121-0590 ou 136/Nacional, por e-mail ([email protected]), pessoalmente ou por carta endereçada à Ouvidoria da Sesau, localizada na Rua Madri, 180, Aeroporto”