Cotidiano

Pacientes são prejudicados por letra ilegível em receituários médicos

Dificuldade em entender a letra do médico no receituário prejudica o paciente, que não consegue identificar a dosagem necessária

Segundo dados do Conselho Federal de Medicina (CFM), 24% das pessoas que vão ao médico não sabem dizer o que lhes foi prescrito. A dificuldade em entender a letra do médico no receituário prejudica o paciente, que precisa saber não somente o nome do remédio, mas também a dosagem necessária de cada medicação e o intervalo entre elas.

Pensando em solucionar esse problema, o Conselho Regional de Medicina de Roraima (CRM-RR) iniciou uma campanha para que os profissionais passem a escrever de forma mais legível, permitindo que o paciente entenda a receita e passe a seguir as instruções de forma correta.

Em entrevista ao programa Agenda da Semana, da Rádio Folha AM 1020, o presidente do CRM-RR, Alexandre Marques, informou que médico com letra ilegível já se tornou uma lenda urbana. “Quando a pessoa tem a caligrafia ruim, a primeira coisa que ela escuta é que tem letra de médico”, disse.

Ele destacou que ao não compreender o que está escrito no receituário o paciente se arrisca. “No momento da compra do medicamento, o paciente não se preocupa, pois sabe que o farmacêutico compreende a receita. O problema é quando ele precisa saber a dosagem e os horários. Qualquer medicação consumida em doses e intervalos errados representa um risco à saúde”, declarou.

Marques disse que, na rede privada e em consultórios particulares, os pacientes podem contar com receitas digitalizadas. “Hoje em dia, muitos médicos já utilizam a tecnologia a seu favor. Eles imprimem o receituário, carimbam e assinam, facilitando a compreensão por parte do paciente”, explicou.

Segundo o presidente do CRM-RR, a rede pública ainda não conta com esse tipo de serviço. “Muitas unidades não têm a mínima estrutura para que o médico exerça a sua função de forma adequada, falta todo tipo de material, e um computador e uma impressora estão longe de fazer parte dos itens de um consultório”, relatou.

Para que o problema seja solucionado de forma efetiva, Marques acredita que sejam necessárias políticas públicas. “Seria ideal que isso fosse lei, porém os poderes executivos sempre irão alegar falta de recurso. O que podemos fazer por enquanto é pedir que os médicos escrevam de forma mais legível”, afirmou.

DILIGÊNCIAS – Ainda durante o programa Agenda da Semana, o presidente do CRM-RR, Alexandre Marques, citou que as unidades de saúde do Estado enfrentam os mesmos problemas que as demais no restante do País. “Muitos médicos trabalham sem a mínima estrutura, têm à disposição apenas uma sala com mesa e um estetoscópio”, disse.

Para cobrar ações do Governo e das prefeituras, o CRM faz diligências em todas as unidades de saúde do Estado. “A comissão de fiscalização recebe uma ordem de serviço e vai até a unidade de saúde com um palmtop contendo todas as informações relacionadas ao que a unidade deve ter para funcionar em condições mínimas”, explicou.

Os fiscais preenchem a lista e salvam-na no sistema, que automaticamente a envia para o CFM, que gera um relatório com as mudanças necessárias a serem realizadas e enviam-no para os poderes executivos e órgãos de vigilância.

“Eles recebem um prazo de 30 dias para providenciar as mudanças. Caso não cumpram, o CRM pode interditar todos os serviços médicos prestados no local. O fechamento total da unidade já é de responsabilidade da Vigilância Sanitária”, observou.

Alexandre Marques atribuiu a falta de estrutura ao atual modelo do Sistema Único de Saúde (SUS). “Quando foi criado, em 1988, ninguém pensou de onde viriam os recursos para manter o maior plano de saúde que já existiu. Os recursos disponíveis devem ser aplicados de uma melhor maneira para que possamos ter um serviço de qualidade”, concluiu.

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