Cotidiano

Padre denuncia omissão do Governo em relação ao HGR

Vítima de um infarto, ele acumula três lesões graves nas três principais artérias

Não é novidade para ninguém a situação da saúde do Estado de Roraima, principalmente em relação ao Hospital Geral (HGR), na capital. Nos últimos meses, no entanto, as denúncias têm sido cada vez mais graves. É o caso do padre Anselmo Silva. Vítima de um infarto, ele acumula três lesões graves nas três principais artérias e três obstruções na ventricular esquerda de 40%, 60% e 90%.

Na última sexta-feira, 14, ele deu entrada no HGR para atendimento cardíaco e recebeu medicamento intravenoso pelo escalpe. Nesta terça-feira, 18, quatro dias depois, ele voltou à unidade para receber medicamento pelo mesmo escalpe.

 “É isso. Estou reutilizando o mesmo escalpe porque não tem no hospital. Eu estou vivo graças a Deus, mas as pessoas estão morrendo aqui”, afirmou.

Desde então, o padre frequenta quase que diariamente o hospital para receber, na maioria das vezes, medicamentos que ele mesmo compra. E foi pela constante presença na unidade que Anselmo abriu os olhos para outras situações. Pela falta de material e itens básicos, por exemplo, ele percebeu que cabe aos médicos decidir quais pacientes ficam ou deixam o setor de trauma e a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Mesmo com a gravidade da situação, o padre destacou que não há como culpar enfermeiros, médicos e demais profissionais.“A culpa é do Estado, que está sendo omisso e criminoso junto aos que precisam dessa unidade de saúde. Quando chove, chove dentro do hospital, não é mais novidade. Mas até quando isso vai ficar assim? Eu já emprestei meu remédio do coração a outros pacientes que não têm condições de comprar. As autoridades estão dormindo para o que acontece aqui e quem morre é o povo”, finalizou.

GOVERNO – Questionado sobre o caso, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) emitiu nota informando que o HGR tem em estoque as numerações mais demandadas de escalpe e que o atendimento segue normalmente. Além disso, a nota informou que o tempo de troca do item varia de acordo com a medicação e o paciente pode ficar até quatro dias com o mesmo escalpe sem prejuízo algum.

Em relação aos medicamentos utilizados pelo padre Anselmo, o estoque do clopidogrel, monocordil e ranitidina está normal. Já o isordil e o AAS foram contemplados no processo de aquisição da CGAF (Coordenadoria Geral de Assistência Farmacêutica). A nota destacou que todos os citados podem ser retirados nos Postos de Saúde por se tratarem de medicações da Atenção Básica.

Ressaltou ainda que que qualquer cidadão tem o direito de reclamar caso seja mal atendido e que, para isso, o Estado dispõe da Ouvidoria do SUS, que é o órgão responsável por apurar as demandas relacionadas à saúde e dar um retorno à população, processo que é monitorado pelo Ministério da Saúde e pode ser acessada por telefone (95) 2121-0590 ou 136/Nacional, por e-mail ([email protected]), pessoalmente ou por carta endereçada à Ouvidoria da Sesau, localizada na Rua Madri, 180, Aeroporto, Boa Vista-RR, CEP 69.310.043.