Aproximadamente 50 moradores do Residencial Vila Jardim realizaram, na manhã de ontem, uma manifestação pacífica para reivindicar vagas em uma creche localizada próximo ao conjunto habitacional, no bairro Cidade Satélite, na zona Oeste, onde quase três mil famílias foram beneficiadas pelo programa “Minha Casa, Minha Vida”. Apesar do sonho da casa própria realizado, muitos moradores enfrentam dificuldades.
A busca por uma vaga para o filho na Creche Proinfância Vila Jardim, que atende a crianças de 2 a 3 anos de idade já se tornou rotina da moradora Iara Araújo. Ela passou a noite de domingo acampada em frente à unidade com outros pais. “Na semana passada, fomos ao Família Que Acolhe e disseram que hoje, dia 22, abririam as matrículas com mais ou menos 70 vagas. Nós viemos para cá à noite, mas hoje, na hora de abrir as matrículas, eles simplesmente falaram que não tinha vagas”, protestou.
Outra mãe e moradora do local, Mayne de Souza, disse que os funcionários informaram que haveria uma lista de prioridade. “Estão chamando pessoas de outros bairros que estavam na frente. Só que eles precisam priorizar as crianças do Vila Jardim, pois a creche foi construída para nos atender”, reivindicou.
Moradores relatam dificuldades para pedir a transferência de outras creches. Maria Ivonete, outra moradora do Vila Jardim, disse que seu filho está estudando no bairro Senador Hélio Campos, também na zona Oeste. “Já tem oito dias que ele falta aula porque eu não tenho condições de pagar passagem pra ele. Faz dias que eu tento, junto ao Família Que Acolhe, essa transferência e não consigo. São oito passagens de ônibus por dia para ir deixar e buscar a criança. O pessoal aqui não tem condições”, reclamou.
Outros moradores relataram outras questões, como a deficiência do serviço de táxi-lotação e a existência de uma escola no local, que está pronta, mas não está sendo utilizada.
TRANSPORTE – O residencial é atendido por duas linhas: 104, do bairro União, e a 314, do Cidade Satélite, mas os moradores relataram que não há o serviço de táxi-lotação. “Quando estou no terminal, eu digo que quero ir para o Cidade Satélite, mas quando chega no bairro e digo que é no Vila Jardim, muitos reclamam e cobram duas passagens”, disse a moradora Maria Ivonete.
A Prefeitura de Boa Vista afirmou que a Diretoria de Mobilidade Urbana da Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitacional (Emhur) colocará uma equipe técnica de fiscalização para verificar a demanda para que posteriormente sejam feitas melhorias no atendimento do transporte coletivo naquela localidade. “Conforme Decreto 102/E/2005, é obrigatório os táxis-lotações cumprirem o itinerário dos ônibus. O não cumprimento cabe a advertência e multa”, frisou.
ESCOLA – No local há uma escola construída pelo Governo Federal que será repassada para o Estado. Segundo nota enviada pela Secretaria Estadual de Educação e Desportos (Seed), foi feita uma visita às instalações da escola, a qual foi repassada para a empresa responsável fazer algumas alterações na estrutura física da unidade escolar.
“Assim que as alterações forem concluídas, o Governo Federal irá repassar a escola para o Estado. A previsão é que até abril, quando inicia o ano letivo, a escola seja inaugurada para atender às necessidades dos moradores do residencial. A escola possui 12 salas de aulas e cada uma tem a capacidade para atender 30 alunos”, informou.
PREFEITURA – Por meio de nota, a Prefeitura de Boa Vista informou que a quantidade de vagas ofertadas no bairro está de acordo com a capacidade que a estrutura atende. A Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Smec) afirmou que não teve participação no estudo que relacionou estrutura versus capacidade de atendimento, e que apenas assumiu a gestão da creche. Informou ainda que a inauguração foi realizada pelo Governo Federal, e não pelo município.
A secretaria ressalta que está buscando alocar os pedidos de vagas para escolas mais próximas ao bairro e esclarece que as vagas destinadas a crianças de 2 e 3 anos do Vila Jardim ainda não foram preenchidas. “Uma equipe do Programa Família Que Acolhe (FQA) esteve ontem (22) na unidade educacional realizando o cadastramento das famílias, que acontece até quarta-feira, 24”, diz a nota. “É improcedente a informação de que o Município não deu prioridade às solicitações daquela localidade. Os cadastros realizados passarão por análises, uma vez que o seguimento creche não é universalizado”.