Pais que possuem filhos com deficiência reclamam da falta de manutenção adequada dos serviços do Centro de Equoterapia localizado no Parque de Exposição Dandãezinho, que fica na zona rural de Boa Vista.
O centro faz atendimento especializado à pessoa com deficiência ou outros transtornos se utilizando da equoterapia, que é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo. Este método possui uma abordagem interdisciplinar que envolve as áreas da saúde, educação e equitação com o intuito de desenvolver pessoas com deficiência ou necessidades especiais.
Antônia Luciene, que possui um filho com síndrome de Down, afirma que os atendimentos começaram de maneira tardia neste ano. Conforme ela, os usuários não têm recebido o acompanhamento adequado. “Começou muito tarde. Apenas em maio. Quando as escolas entraram em recesso eles deram a desculpa que iam acompanhar o calendário escolar. O que ficamos sabendo é que antes o Centro era ligado a Secretaria de Educação e agora está com o Setrabes (Secretaria de Estado do Trabalho e Bem-Estar Social)”, destaca.
Outra pessoa que reclama é Elizabete Nogueira, que também é mãe de um filho com deficiência que recebe atendimento no local. Segundo ela, os pacientes da hipoterapia não estão sendo atendidos adequadamente. “As crianças com dificuldades de equilíbrio e outros problemas não estão sendo atendidas, sendo que as atividades dos usuários com deficiência de menor grau começaram em maio. A justificativa que o governo dá é a falta de profissional da saúde e que não existem recursos para fazer os contratos”, reclama.
O mesmo problema é motivo de reclamação de Antônia. “Os que possuem uma dependência maior desse serviço, como os que têm paralisia infantil, até agora não começaram a receber atendimento. Deram como desculpa que é necessário acompanhamento de psicólogo, fisioterapeuta e o governo diz que o pessoal da saúde não quer ir para equoterapia”, desabafa Antônia.
Outro ponto reclamado é a falta de comunicação adequada da gestão com os usuários do serviço. Segundo os familiares, as atividades começaram no dia 15 de maio e no dia 18 de julho entraram em recesso com o retorno dos serviços apenas no dia 5 de agosto, sem que os interessados fossem comunicados. “Isso é uma falta de respeito e de falta de relacionamento humano com o outro. Se começou em maio, por que vai ter recesso? Não teve dois meses de atendimento e eles criaram um grupo em uma rede social para a gestão informar aos familiares sobre novidades no serviço, mas os familiares não podem interagir. Preciso dar feedback também e não podemos dar esse feedback”, afirma.
Antônia Luciene também reclama deste fato. “É um descaso. Entraram em recesso e não comunicaram a ninguém. A gente reclama, pois quer sensibilizar os governantes, já que é um serviço muito importante para todos e não estão atendendo de maneira regular. Alguns pais chegaram na equoterapia e não tinha ninguém para informar que tinha entrado de recesso”.
Mães temem que sem tratamento pacientes comecem a regredir
A equoterapia é um tratamento indicado para patologias como paralisia cerebral, acidente vascular cerebral, traumatismo crânio encefálico, sequelas de lesões medulares, distúrbios comportamentais – como o autismo – distúrbios visuais, distúrbios auditivos, sequelas de patologias ortopédicas, psicoses infantis e síndromes genéticas – como a Síndrome de Down.
Entre os benefícios da equoterapia para esses pacientes estão melhoria do equilíbrio e postura, desenvolvimento da coordenação e de movimentos entre tronco, membros e visão, melhora da integração sensorial e motora.
As duas mães relatam desenvolvimento positivo dos filhos e de outras pessoas que utilizam o serviço por causa do tratamento da equoterapia. “Meu filho já está no ecoesportivo. Eu tenho os laudos e recomendação dos benefícios desse serviço. Queria dizer que eles sentem quando não podem ir a um dia do tratamento”, afirma Antônia.
Elizabete destaca a situação dos familiares de quem não está recebendo o tratamento de maneira completa. “Pense numa situação complicada para os familiares. Você vê uma pessoa se reabilitando de um problema nas pernas, no pescoço e acaba regredindo. Para eles é muito importante e eles se sentem bem. A cobrança do deficiente em relação aos familiares é enorme porque eles não compreendem a situação”, comenta ainda.
Ainda neste mês de abril, os pais já haviam denunciado que o serviço de equoterapia não estava funcionando de maneira regular. Em março, em uma reunião com a Secretaria Estadual de Educação e Desportos (Seed), a informação repassada foi a de que estavam com problemas para iniciar os serviços, mas que as atividades retornariam no começo de abril.
Setrabes nega falta de profissionais e diz que pais foram comunicados do recesso
Em nota, a Setrabes (Secretaria do Trabalho e Bem-Estar Social) esclareceu que foi comunicado aos pais e responsáveis dos praticantes do Centro de Equoterapia sobre o período de recesso dos professores, informando a todos que o retorno será no dia 5 de agosto.
Sobre a reclamação da falta de profissionais, a Sesau (Secretaria de Saúde) já encaminhou todos os servidores de saúde necessários para atendimento na unidade, “e eles estão em capacitação para realizarem, nos próximos dias, as avaliações e reavaliações dos praticantes”.