Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos é crime. É o que diz o artigo 217A do Código Penal sobre o estupro de vulnerável, com pena de oito a 30 anos de reclusão. Últimos dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em 2014, mostraram que 70% das vítimas de estupro são crianças e adolescentes. Mas, como reconhecer um abusador? Como descobrir que o seu filho está sofrendo abuso?
Por não haver um perfil previamente estabelecido para reconhecer um abusador, os pais precisam estar atentos aos filhos, principalmente em relação ao comportamento. Segundo a delegada do Núcleo de Proteção à Criança e o Adolescente (NPCA), Eliane Gonçalves, a criança que sofre abuso é sempre mais retraída, chora com facilidade, se assusta com tudo, começa a ter um desempenho ruim na escola e tem medo do abusador por sofrer ameaça.
Ainda como consequência, a criança pode começar, de forma lúdica, a jogar a raiva e o nervosismo que sente nos brinquedos, agredindo, falando com aspereza ou até reproduzindo o ato sexual. “É uma questão de bom senso dos pais, porque não tem ninguém melhor do que eles para conhecer os filhos e a maneira que eles se comportam”, frisou a delegada.
Ao perceber alguma diferença, os pais devem procurar de forma tranquila a informação junto aos filhos. Não fazer perguntas diretas é a orientação principal, tendo em vista que, na maioria das vezes, as vítimas não sabem o que está acontecendo. Para Eliane, a hora do banho pode ser propícia para confirmar a situação, já que os pais têm a intimidade de olhar a parte íntima da criança desde o nascimento.
Caso haja suspeita, os responsáveis devem procurar o NPCA e o Instituto de Medicina Legal (IML) para realizar o exame de corpo delito. De forma geral, atenção é a palavra-chave. Em um dos casos constatados em Roraima, Eliane relatou que a criança já estava sendo abusada há um tempo. No entanto, pelo fato de os pais trabalharem durante todo o dia, não perceberam as mudanças da filha.
Nessa situação, a conversa diária, olho no olho e a confiança em abordar diversos assuntos fazem a diferença. “É importante que eles digam aos filhos que são fortes e que sempre vão defender eles. Porque o abusador põe medo e se mostra mais forte que todos. Se os pais conseguirem repassar que são fortes, capazes e que vão defender os filhos de tudo, eles vão confiar e falar em algum momento”, relatou.
O Núcleo de Proteção à Criança e Adolescente (NPCA) está localizado na Rua Nelson Albuquerque, número 340, bairro Liberdade, na zona Oeste da capital. (A.G.G)