Os vilões não existem apenas nos contos de fadas, mas também na vida real. Isso vale para a internet, onde estão predadores digitais escondidos atrás de uma tela. Para proteger as crianças e adolescentes dessas armadilhas, os pais devem monitorar o acesso e as conversas virtuais.
O alerta é da procuradora adjunta Especial da Mulher, da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), Socorro Santos. Ela explica que a exposição desse público na internet está entre os cinco tipos de violações mais denunciados ao Disque 100 (Direitos Humanos), conforme dados divulgados neste ano.
Segundo a procuradora adjunta, quando a criança não tem esse acompanhamento dos pais, fica mais vulnerável aos perigos da internet, por exemplo de aliciadores digitais. “Eles quando encontram suas vítimas, convencem nas redes sociais, ganham confiança. Geralmente, fingem ser uma outra criança, conseguem manipular através de gostos e preferências da vítima”, explicou.
Os predadores usam o tempo de conexão para estabelecer vínculos, se aproveitam da ingenuidade para manipular e convencer a criança a postar fotos e até encaminhar documentos da família.
“Oferecem acesso gratuito online de jogos e até filmes pornôs que podem causar danos psicológicos à criança”, disse a procuradora adjunta.
Mas como os pais podem identificar quando o filho está sofrendo alguma violação por meio da internet? “As crianças e adolescentes mudam de comportamento tornando-se muitas vezes violentas ou muito medrosas e tristes”, descreveu.
Se esse comportamento for detectado, os pais têm que buscar um momento apropriado para conversar com a criança. Eles devem ouvir mais, falar menos e não interromper. Caso contrário, corre o risco de desconstruir a confiança adquirida.
“Procure não mexer com as mãos. É fundamental não criticar a criança nem duvidar de que ela está falando a verdade. Assim, a criança se sentirá encorajada a falar sobre o assunto”, orientou.
Prevenção
Para combater ocorrências desses crimes e outras violações, a Procuradoria, por meio do Núcleo de Promoção, Prevenção e Atendimento às Vítimas de Tráfico de Pessoas, leva informação para a comunidade escolar.
O projeto Educar é Prevenir já identificou 20 relatos de possíveis aliciamentos, visitou 33 escolas no Estado e teve mais de 7 mil alunos e profissionais de educação capacitados.
“Quando começamos a trabalhar esse projeto, nos assustamos com o número de relatos de meninas, meninos e até professores que tinham sido aliciados pelas redes sociais até para casamento”.
Aplicativo permite que pais monitorem navegação dos filhos na internet
O professor de informática do programa Abrindo Caminhos, Eubert Botelho, recomendou aos pais que monitorem as atividades dos filhos por meio do aplicativo Famisafe. “Com esse aplicativo você consegue bloquear certos aplicativos, limitar o tempo de uso diário das crianças, também restringir certos sites com conteúdo não recomendados para essa idade”.
A plataforma ainda permite visualizar o tempo de navegação, rastreamento em tempo real, detectar e enviar um alerta quando houver o acesso de conteúdos inadequados. O aplicativo pode ser baixado na Play Store e IOS. Em seguida precisa ser instalado nos celulares do pai e do filho.
Neste ano, o curso de informática produziu um vídeo sobre os malefícios e os benefícios do tempo online para os alunos do programa Abrindo Caminhos. A produção surgiu após os pais demonstrarem preocupação de como os filhos estavam navegando na internet.
Casos de aliciamento devem ser denunciados:
Disque 100 – Direitos Humanos
181 – Polícia Civil
190 – Polícia Militar