Pais precisam de criatividade para ocupar tempo de crianças

LEO DAUBERMANN

Editoria de Cidade

O mês de dezembro chegou e junto com ele as férias escolares, e consequentemente tempo ocioso para as crianças. Os pais precisam encontrar meios para coordenar e administrar as atividades dos filhos com a quebra da rotina que as aulas proporcionam.

Muitos pais apostam na criatividade e na improvisação. É o caso da advogada Luciana Guedes, 39, mãe de dois filhos, a Chloé, de seis anos e o Luiz Eduardo, de três. Ela conta que os filhos gostam de inventar brincadeiras novas, aquelas que movimentam o imaginário e ela incentiva essas atividades.

“Nós temos piscina aqui em casa e também muitos brinquedos desses considerados comuns, e as crianças até passam algum tempo envolvidas nessas brincadeiras, mas o que elas gostam mesmo é do faz de conta. Ao lado da casa dos meus pais, onde a gente mora, estamos construindo nossa casa e a diversão preferida delas é ‘explorar’ esse ambiente”, diz a mãe.

De acordo com Luciana, quando ela era criança os pais estavam construindo a casa onde ela e os filhos moram atualmente e lembra que adorava se aventurar pela construção. “Tudo para a criança é brincadeira, pedaço de pau, tijolo, areia, e meus filhos herdaram essa mania de se “aventurar”, fala.

Ainda de acordo com Luciana, a mais nova brincadeira é a de pintar as paredes da casa em construção. “Como eles adoram vir para cá, fiz a proposta, ‘que tal pintar as paredes’? Eles amaram a ideia, comprei pincéis e vários potes de tintas coloridas, próprias para brincadeiras infantis, coloco uma roupa que eles possam sujar, porque a intenção não é ficar controlando se vai ou não sujar a roupa, e olha só a felicidade deles”, destaca.

Ela ressalta que só permite a ida das crianças ao ambiente que poderia até ser considerado meio insalubre, na presença dela. “Elas só podem vir aqui quando estou em casa. Fico de olho o tempo todo, sei que qualquer descuido pode ser perigoso, mas aqui é o mundo de faz de conta deles, para eles, estão ajudando a pintar a casa onde vão morar”, diverte-se a mãe.

Corpo de Bombeiros alerta sobre os riscos de acidentes durante as férias

Capitão Antônio Henrique, subcomandante do Centro de Vistoria e Análises de Projetos do CBMRR (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)

Conforme estatísticas do Corpo de Bombeiros Militar de Roraima (CBMRR), no período de férias escolares, a possibilidade de acidentes domésticos e acidentes durante práticas de lazer envolvendo crianças aumenta, mas podem ser evitados se forem tomadas algumas precauções.

De acordo com o subcomandante do Centro de Vistoria e Análises de Projetos do CBMRR, capitão Antônio Henrique de Souza Cruz Pereira, as principais ocorrências atendidas pelo batalhão estão relacionadas à asfixia, quedas, queimaduras, afogamentos em piscina ou igarapé.

“A criança já cega a gente por natureza, então, na maioria das vezes não quer dizer que essa criança esteja sozinha sem a supervisão de um adulto, porque geralmente, nas ocorrências em que somos chamados, um simples descuido, uma ida ao banheiro, ou a outro cômodo da casa, foram a causa dos acidentes”, diz.

Para o capitão, prevenir os acidentes infantis durante as férias, e em qualquer época, é uma questão de informação e atenção de pais, e orienta com relação a alguns cuidados.

“Primeiro, a criança não pode ficar sozinha, ela é curiosa, não reconhece o perigo e não tem medo. Por isso, precisa de um adulto supervisionando, orientando e cuidando o tempo todo. Evitar a entrada das crianças na cozinha, principalmente quando estiver fazendo alimentos quentes. Guardar os produtos químicos e tóxicos, como medicamentos, saneantes e venenos, no alto e de preferência trancados. Se tiver piscina em casa, utilizar cercado ou tela de proteção. Instalar pisos antiderrapantes, sempre que possível, enfim, atitudes simples, mas que podem fazer a diferença”, orienta.

Colônia de férias pode ser uma boa alternativa

Muitos pais não têm nenhum tempo disponível para ficar com os filhos, ou então, simplesmente acreditam que os filhos precisam dessa interação com outras crianças da mesma idade e optam pelas colônias de férias. Os preços variam de R$ 80,00 a R$ 350,00 dependendo do local, da quantidade de dias e das atividades a serem realizadas durante o período contratado.

Uma visita prévia permitirá aos pais avaliar se a estrutura é ampla e com espaços para lazer, alimentação, esportes. A promotora da colônia de férias tem que possuir alvará, licença dos bombeiros e outras formalidades para o funcionamento.

É o que a jornalista Priscila Gonçalves, 38, está pensando em fazer. Mãe de duas crianças, a Amanda, de 8 anos e Pedro, de 8 meses, ela conta que nessa época do ano é preciso ter muita criatividade e disposição. “Nos próximos dias quero colocar a Amanda numa colônia de férias, apesar dela brincar muito com a priminha e amiguinhas da mesma idade dela, acho bacana ela ter esta interação com outras crianças e participar de brincadeiras lúdicas. Afinal são dois meses de folga. Então temos muito tempo pela frente”, lembra Priscila.

Priscila conta que, como está trabalhando, não pode ficar o dia todo com as crianças. “De manhã a Amanda fica em casa com a babá e o Pedro, que ainda tem 8 meses e uma rotina mais regrada. A Amanda assiste TV, brinca e recebe amiguinhas e a prima”, diz.

No início da noite, depois que o bebê dorme, Priscila não abre mão de sair para passear com a filha. “Vamos à pracinha que tem aqui próximo de casa, já fizemos piquenique com os colegas da escola, e também já fomos ao shopping”, conta.

E aos finais de semana as brincadeiras são na casa dos avós maternos, mas a programação preferida da primogênita Amanda é o sítio da família. “Lá ela toma muito banho de Igarapé, brinca no pomar, com os bichos e anda de bicicleta”, completa.