Sabe aquele boldo que as mães e avós indicam sempre para melhorar o desconforto digestivo? Ou então chá de camomila que todo mundo indica para ajudar na insônia ou até mesmo no nervosismo? Unir a cultura popular e o conhecimento científico das plantas medicinais já é uma prática recorrente para estudos de fármacos e a ideia é inserir cada vez mais medicamentos feitos a partir de folhas, sementes, cascas, frutos e flores nos cuidados com a saúde, já que se trata de uma herança cultural.
E é pensando no desenvolvimento de pesquisas com esse enfoque em Roraima que o curso de Farmácia da Estácio da Amazônia se organizou para realizar uma palestra, nesta segunda-feira (19), abordando o “uso de plantas medicinais: interface entre o conhecimento científico e popular”, a partir das 20h30.
“Como é observado que desde as civilizações antigas, o ser humano utilizava a natureza para atender às suas necessidades, principalmente, para a cura de doenças, o uso de plantas medicinais era comum, tanto com uma finalidade curativa, quanto profilática e paliativa”, completa a professora e palestrante, Iara Leão de Souza, lembrando que essa pode ser uma área de atuação bastante atrativa para os futuros profissionais de Farmácia.
“Pensando na carreira farmacêutica, o desenvolvimento da ciência e da tecnologia valorizou o uso das plantas medicinais, que estão sendo pesquisadas para verificar potenciais terapêuticos e podem compor os medicamentos fitoterápicos. Nesse contexto, observamos a utilização das plantas medicinais cada vez mais recomendada pelos profissionais de saúde”, ressalta.
A professora explica ainda que as pesquisas na área exigem dentre os diversos critérios que ao se iniciar um estudo, apontar o uso de acordo com o conhecimento popular sobre alguma planta.
“A maioria dos fármacos no mercado já foi comprovado cientificamente e geralmente parte dessa questão do conhecimento popular do que a população vem utilizando. Portanto, utilizamos bastante esse saber popular para testar justamente essas fontes de fármacos e comprovar cientificamente se realmente aquela planta está sendo utilizada, aquele produto marinho, faz aquilo que a população diz fazer. Então existe um grande movimento que estuda a questão dos produtos naturais”, destaca.
Por outro lado, Iara Leão observa que os estudos científicos também contribuem para alertar a população sobre o uso correto de produtos naturais. Segundo ela, há uma ideia equivocada de que “se é natural, não faz mal”. No entanto, ela alerta que podem, sim, ser inofensivas e acarretar efeitos colaterais se forem utilizados da maneira correta.
“Os produtos naturais possuem substâncias químicas, que compõem os próprios fármacos do nosso dia a dia. Então utilizar errado pode trazer danos para o indivíduo. Da mesma forma tem plantas que podem se tornar tóxicas se utilizadas de forma errada. Por isso que é importante a gente estudar e alertar quais seriam os possíveis riscos no uso errado desses tipos de produtos naturais”, ressalta.
E completa: “Aqui não existem muitas pesquisas nessa parte farmacológica ainda. E estamos tentando estimular justamente os alunos a conhecer as espécies, a entender os riscos da utilização, auxiliar a população a utilizar da maneira correta, com os preparos corretos, que melhorariam a qualidade da população”.