Para Kennedy, massacre é crime contra a humanidade

A presidente da Fundação Robert F. Kennedy de Direitos Humanos, Kerry Kennedy, filha de Robert Kennedy e sobrinha do presidente americano John Kennedy, visitou a comunidade indígena Kumarakapay, a 70 quilômetros de Pacaraima, e os sobreviventes do conflito que ocorreu em fevereiro que estão internados no Hospital Geral de Roraima. 

Segundo ela, o conflito deve ser considerado crime contra a humanidade. Ela conta que os sobreviventes relataram que 35 índios venezuelanos ficaram feridos, além das três mortes que ocorreram após a transferência dos indígenas para Boa Vista.

De acordo com Kerry, os depoimentos relataram que os guardas atiraram contra os indígenas que estavam desarmados. Para ela, existem provas incontestáveis de que o ato foi a mando do regime de Nicolás Maduro. 

“É uma tortura que não pode ser descrita. Os indígenas não sabiam o que havia acontecido. Eles tinham um bom relacionamento com as autoridades venezuelanas até que um dia guardas chegaram lá e abriram fogo. Isso tudo faz parte do regime de Maduro e precisa acabar. Eles querem justiça, querem que as pessoas que fizeram isso paguem e eles merecem isso por que é um crime contra os direitos humanos”, disse.

Durante a visita, ela esteve acompanhada da diretora do Programa de Incidência e Litígio Internacional, Angelita Baeyens, integrante da delegação a convite da ONG Foro Penal da Venezuela. 

“Nesse momento, queremos levar essas informações, os depoimentos que colhemos para que o resto do mundo tenha conhecimento, já que muito se sabe sobre a situação entre a fronteira com a Venezuela e a Colômbia, mas em relação à fronteira do Brasil com a Venezuela ainda existe pouca atenção das autoridades internacionais”, relatou.

FUNDAÇÃO – Fundada em 1968, a Robert F. Kennedy Direitos Humanos promove a visão de Robert F. Kennedy de um mundo mais justo e pacífico. Em parceria com alguns dos mais corajosos defensores dos direitos humanos, a fundação utiliza litígios estratégicos e advocacia para promover os direitos humanos, responsabilizar os governos e proporcionar justiça, além de liderar missões de busca de fatos em diferentes partes do mundo e produzir relatórios sobre questões fundamentais na garantia dos direitos humanos.

A Robert F. Kennedy Direitos Humanos trabalhou durante vários anos na promoção e proteção dos direitos humanos na Venezuela, juntamente com ativistas e organizações locais. 

FORO PENAL – Em 2017, a RFK HumanRights agraciou o venezuelano Alfredo Romero com o Prêmio Robert F. Kennedy de Direitos Humanos por seu trabalho corajoso e o de sua equipe no Foro Penal para proteger os venezuelanos de detenções arbitrárias e outras violações de direitos humanos