A escassez de alimentos na Venezuela tem feito com que muitos empresários e a própria população venezuelana comprem mercadorias em Roraima. No entanto, eles relatam que está havendo atraso na liberação desses produtos. Conforme o delegado da Receita Federal em Roraima, Omar Rubim, o entrave acontece devido à greve dos auditores fiscais, que acontece desde o início de julho.
“Realmente há uma demora na liberação dos produtos, que está acontecendo por conta do movimento reivindicatório dos auditores fiscais da Receita Federal, que paralisam as atividades duas vezes por semana, todas as terças e quintas-feiras. Então, desde o início do movimento, que começou em julho, há uma ampliação do prazo para despacho das mercadorias. Por isso, está tendo represamento das cargas com destino à Venezuela”, afirmou o delegado da Receita Federal, Omar Rubim.
A titular da Secretaria Estadual Extraordinária de Relações Internacionais de Roraima, Verônica Caro, disse que há cerca de um mês o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, abriu a fronteira para que as empresas venezuelanas do ramo alimentício comprem produtos no Brasil sem cobrar impostos. “Por isso, existe essa grande demanda por parte dos venezuelanos. O que sabemos é que está faltando comida e que recentemente, por questões políticas, a fronteira com a Colômbia foi fechada. A única fronteira aberta é com o Brasil”, informou.
Segundo ela, a produção de Roraima não é o suficiente para abastecer o país vizinho. “Nossa produção é pequena e não supre o mercado da Venezuela. A informação que temos é que eles também estão comprando alimentos de outros estados brasileiros como do Amazonas, Mato Grosso e até do Rio Grande do Sul. Então, além do atraso por conta da paralisação dos auditores fiscais da Receita Federal, as mercadorias que vêm de outros estados demoram ainda mais para chegar até lá. Os caminhões chegam em nossa região em aproximadamente 15 dias”, explicou.
Verônica ressaltou que a demanda venezuelana por alimentos pode durar anos. “Acredito que esse processo, de crise alimentícia na Venezuela, ainda vai continuar por um bom tempo, talvez dure meses ou até anos. Pensando nisso, Roraima precisa alavancar a produção agrícola para fomentar o comércio”, comentou.
A secretária de Relações Internacionais disse ainda que essa situação é positiva para a economia de Roraima. “Em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, por exemplo, há uma grande movimentação em relação ao comércio local. Antes, eram os brasileiros que iam até Santa Elena fazer compras. Mas hoje, a situação é contrária, muitos venezuelanos estão comprando em Pacaraima. Inclusive, os moradores e empresários brasileiros estão felizes, pois além das vendas, os hotéis e restaurantes estão sempre lotados”, concluiu. (B.B)