Passageiros e lojistas denunciam sujeira na Rodoviária

Cheiro forte de urina e lixo espalhado em toda a extensão do local é o cenário encontrado da Rodoviária Internacional José Amador de Oliveira, no bairro 13 de setembro. Nas plataformas de ônibus, há copos plásticos e até sacolas de salgados espalhados no chão. As lixeiras transbordam e o chão está sem qualquer tipo de limpeza.

Em outubro deste ano, a Folha denunciou a sujeira nos banheiros e nas extremidades do local, e que segundo funcionários, não havia uma frequência para que a limpeza fosse feita em todo ambiente. Desde então, pouco foi resolvido. Os lojistas temem por represálias e preferiram não ser identificados, mas garantem que se sentem prejudicados diariamente com a situação.

Durante a visita feita pela equipe de reportagem, além do lixo, foi constatado que havia urina no chão dos banheiros e um colchão abandonado em um canto com sacolas de mantimentos usados. Para quem precisa utilizar o serviço, o problema é lamentável e demonstra um grande descaso com os consumidores, conforme disse a passageira Janice Trevisan.

“Saí de Roraima há oito anos e, quando voltei, encontrei a Rodoviária assim. Não tenho nem coragem de entrar no banheiro porque senti o cheiro de longe. É horrível. Só estou comendo porque ainda não me alimentei o dia inteiro, mas não queria”, relatou a passageira enquanto espantava as moscas da comida.

De acordo com uma das gerentes de uma lanchonete, é comum ver os clientes incomodados. Uma das formas de tentar diminuir os danos causados pela sujeira é com o pagamento para terceiros realizarem a limpeza. “Deixaram de pagar as pessoas da limpeza, então não vieram mais. Aí alguns aparecem aqui e damos comida ou nos juntamos para pagar, nos organizamos porque não tem como continuar essa situação”, contou a balconista que não quis ser identificada.

Os lojistas garantiram que detentos da Cadeia Pública de Boa Vista trabalham com a limpeza no ambiente, mas que não há uma frequência exata e que não é possível determinar qual dia irão fazer a faxina. “Nunca chegamos nessa situação, de chegar nesse nível de sujeira. A gente junta para pagar, mas não tem como manter isso todos os dias”, completou.

RECEIO – Há décadas trabalhando na Rodoviária, uma servidora enfatizou que às vezes não consegue utilizar o banheiro pela situação que se encontra e que chega a pedir para os taxistas permitirem que use o banheiro deles. A funcionária disse também que, por muito tempo, a administração do local repreendia quem denunciasse a falta de limpeza, o que fez muitos lojistas se conformarem com a sujeira.

“A Rodoviária sempre teve as empresas para vir limpar, mas agora não tem isso. Estou sendo diretamente afetada porque o cheiro do banheiro causa desconforto para o cliente, mas dizem que só os usuários podem reclamar, a gente que trabalha aqui, não. Cansei de reclamar, mesmo tendo muita gente prejudicada”, criticou.

Por parte da gestão, os lojistas revelaram que houve uma mudança recente na administração, mas que ainda não tiveram contato com o novo administrador para relatarem os problemas que estão encontrando diariamente. “Até o momento eu não o vi. Não sei nem o nome porque mudou tem pouco tempo, então a gente não sabe como vai ficar daqui para frente”, lamentou uma funcionária.

Administração garante que equipe de limpeza será contratada em 2019

Lojistas da rodoviária dizem que cansaram de reclamar sobre problema no local (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)

Por telefone, o novo administrador da Rodoviária, Makson Dias, confirmou que tem conhecimento dos problemas de sujeira e falta de equipes para limpar todo o ambiente. Segundo ele, com a transição governamental, está ocorrendo uma vistoria para localizar os funcionários que devem compor a nova equipe de limpeza para atuação a partir do ano que vem.

“No dia 2 de janeiro, vamos ter a equipe de serviços gerais. Quando entrei, tinha o Projeto Roma, que é feito pelos presos, mas eles estavam no período da saída temporária de Natal e estavam com as famílias, só no sábado que eles podem voltar ao trabalho”, afirmou. O administrador justificou que ele e outros funcionários estão tentando manter o local limpo, porém, por conta do aumento de pessoas transitando no local, se torna complicado.

Dias pontuou que, mesmo com a nova equipe de limpeza, a administração deve tentar manter o Projeto Roma, que conta com nove detentos, para continuar fazendo a limpeza no local e trabalharem para remissão de pena. “A situação é complicada. Tem que ter funcionário para fazer a limpeza todos os dias. Como os presos pegaram essa folga, não teve como manter mesmo”, completou.

O administrador justificou a falta de conversas com os lojistas ao afirmar que está em momento de transição e estando por dentro dos problemas, porém, logo irá se reunir com todos para pontuar toda a situação. “Vai começar tudo a partir de janeiro. Queremos entrar com o jurídico para saber o que não está regular e poder regularizar tudo”, encerrou. (A.P.L)