Cotidiano

Pedintes não podem ser expulsos de calçadas de lojas e restaurantes

Nas redondezas dos estabelecimentos comerciais e restaurantes do Estado tem sido cada vez mais comum a presença de pedintes solicitando trocados ou pratos de comida dos clientes e comerciantes. Para o Sindicato do Comércio de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de Roraima, cada estabelecimento e seus clientes devem tomar suas próprias decisões, contanto que mantenham o respeito ao próximo.

O vice-presidente do Sindicato dos Restaurantes, Emerson de Oliveira Cruz, explicou que a instituição e a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Roraima (Fecomércio), que atuam na área, não têm nenhuma orientação oficial para os comerciantes sobre a situação, segundo ele, por conta da característica da situação em si.

Segundo Emerson, o problema se agravou rapidamente devido ao fluxo intenso de estrangeiros em Roraima fugidos da crise econômica e social na Venezuela e Haiti, que não têm lugar para onde ir e nem forma fixa de sustento, o que pegou muitos comerciantes de surpresa por não terem lidado com situações parecidas como esta. Para ele, é dever do poder público e não cabe à iniciativa privada resolver a questão.

“O que acontece é que nós estamos em uma situação que não há muito que fazer. Caso a pessoa adentre ao estabelecimento, nós podemos pedir que se retire, com o maior cuidado, para não causar confusão. Lá fora, na parte da calçada, não se pode fazer muita coisa”, disse.

Emerson Cruz acredita que, apesar da falta de uma orientação oficial do Sindicato, a instituição preza que os comerciantes sempre mantenham o respeito ao próximo, por se tratarem de seres humanos que estão naquela situação por falta de opção. “É preciso que se tenha muito cuidado na hora de como tratar as pessoas, muito respeito por cada um e no caso de algum tipo de problema, confusão ou baderna, que seja pedido para se retirar, mas caso fiquem na calçada que possam se manter livremente”, frisou.

CLIENTELA – Apesar da situação incômoda, o comerciante disse que os clientes normalmente entendem o problema e se compadecem com as pessoas que estão nas redondezas, principalmente, quando se tratam de crianças e famílias.“A gente deixa o cliente bem à vontade para tomar a sua decisão do que fazer. No meu caso, que sou dono de uma pizzaria, os clientes compram pra eles ou pedem que a gente embale os pedaços restantes para entregar pra eles. Alguns reclamam e se sentem incomodados, mas, no geral, entendem a situação”, completou.

SOLUÇÕES – Uma das saídas para os donos dos estabelecimentos comerciais, disse Emerson, seria justamente dar oportunidade para os estrangeiros no momento de avaliação de currículos e entrevistas de empregos, para reduzir o índice de pessoas que estão precisando de uma renda fixa. “O que pode ser feito da nossa parte é somente dar oportunidade de emprego para as pessoas que estão passando por necessidades”, disse.

“No meu caso, no nosso quadro de empregos, tenho seis funcionários estrangeiros, quatro venezuelanos, um haitiano e um nigeriano. Não é questão de tirar a vaga de um brasileiro, mas dar a chance de entrevistar, de aceitar um currículo e avaliar se essa pessoa é qualificada para aquele tipo de serviço, como qualquer outra pessoa”, sugeriu. (P.C)