Cotidiano

Período chuvoso prejudica fabricação de tijolos em RR

Mesmo sendo considerado atípico, o período chuvoso de 2015 ainda mexe com a produção de tijolos no Estado

Que a economia está em crise em todo o País, isso todo mundo já sabe. Vários setores estão tentando de tudo para manter as vendas aquecidas e, em Roraima, não é diferente. Mesmo vivendo um período de grandes transformações com o surgimento de novos conjuntos habitacionais, a venda de produtos para a construção, em especial a de telhas e tijolos, tem estado em alerta nos últimos meses, tudo por conta da queda na produção desse tipo de material, em tese, prejudicada pelo período chuvoso.

Com a chegada do inverno, os locais de onde é extraída a matéria-prima para a confecção do produto, a argila, ficam alagados. Sem o item nas fábricas, a produção diminui e, consequentemente, o preço sobe. “O inverno acaba sendo prejudicial por vários fatores. Primeiro pela falta da matéria-prima, já que muitas áreas acabam ficando alagadas. Segundo, por conta da dificuldade em secar o produto já finalizado, porque tem um tempo certo para o tijolo na fornalha. Muitos empresários têm aproveitado o verão para separar uma reserva de argila para não sentir tanta redução de lucros com o inverno”, disse o gerente de uma empresa especializada na produção de telhas e tijolos no bairro 13 de Setembro, zona Sul.

Além da preocupação em manter a fábrica abastecida, a vinda de produtos complementares para a confecção das peças, como a madeira utilizada nas fornalhas, também influencia na elevação de preços. “Muitos fornecedores têm nos relatado que estão tendo dificuldades em trazer a madeira para as fábricas, e isso reflete diretamente no custo. Além disso, há também o problema de secagem desse produto. Com elas úmidas, fica mais difícil manter as fornalhas abastecidas”, comentou.

Só para se ter uma ideia de como o planejamento é fundamental, o milheiro do tijolo produzido no verão é geralmente comercializado na faixa dos R$ 350,00 a R$ 380,00. No inverno, esse valor gira em torno R$ 400,00 a R$ 420,00. Para driblar o desaquecimento nas vendas, muitos empresários têm tentado oferecer um preço acessível para o consumidor. “Geralmente, esses são os preços cobrados em cada período, entretanto, o mercado no Estado também se encontra em crise, então nós temos tentado manter os preços razoáveis, até para manter o setor aquecido”, pontuou.

PLANEJAMENTO – Para o vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Roraima (Sinduscon-RR), Clerlânio Holanda, a falta de produtos não é a única problemática a ser observada com cautela nessa situação. O período escolhido para construir uma obra é outro fator a ser levado em consideração.

“Indiscutivelmente, o período chuvoso afeta diretamente a construção civil. Nosso Estado está em uma região em que a época de chuvas é bem rigorosa, mesmo este ano sendo atípico. Mas o setor pode trabalhar com medidas paliativas, justamente para evitar que problemas aconteçam a ponto de prejudicar a obra, não só pela falta de produtos, mas principalmente na segurança daquilo que se pretende construir”, afirmou.

Ainda de acordo com o vice-presidente do Sinduscon, se o período rigoroso realmente se estender por mais tempo e dependendo do porte da obra, os custos podem sofrer um acréscimo que varia entre 3% a 5% no valor final da obra.

Para ele, planejar continua sendo indispensável nessas situações. “Nós costumamos dizer que o período de chuva só é bom para quem trabalha na lavoura. Então, é apenas saber o período certo para isso. Fazer um planejamento para que certas etapas não coincidam exatamente com esse período de inverno mais rigoroso, você pode evitar danos que acarretem não só perdas financeiras como também risco a saúde de trabalhadores”, finalizou. (M.L)