Pescadores artesanais em Roraima estão enfrentando dificuldades em obter linhas de crédito oferecidas por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (SEAFDA), que financia a compra de equipamentos de pesca e aquicultura.
Conforme o diretor-financeiro da Federação das Colônias de Pescadores do Estado de Roraima (FCP-RR), Rafael Pinheiro, as instituições financeiras que oferecem a modalidade de financiamento estão impondo restrições e dificultando o acesso ao crédito. “Temos a linha de crédito do Pronaf que nos dá acesso para adquirirmos veículos, tralhas de pesca e motores, mas não funciona. Todo o requisito que o banco pede o pescador tem, mas quando protocolamos a proposta não aprovam”, afirmou.
Para ter acesso ao benefício, a entidade emite aos pescadores a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP). Com o documento em mãos, o profissional irá solicitar junto à Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) a elaboração de projeto, que é encaminhado ao agente financeiro para aprovação e liberação dos recursos que serão executados pelos pescadores.
Segundo dados da Federação, aproximadamente 930 pescadores estão cadastrado junto à Colônia de Pescadores. Em todo o Estado, há 5,8 mil profissionais que atuam na área. O diretor-financeiro explicou que a falta de acesso ao Pronaf tem dificultado o trabalho dos pescadores e aumentado o preço do pescado no Estado. “Temos projetos que estão há anos sem serem analisados. Se o pescador não tem dinheiro para investir em um veículo próprio, por exemplo, tem que pagar frete, o que encarece o peixe. A nossa atividade está ficando cara e inviável”, disse.
FISCALIZAÇÃO – Além da dificuldade de acesso a linhas de crédito, o diretor da Federação das Colônias de Pescadores denunciou pesca ilegal praticada por algumas pessoas no município de Caracaraí, na região centro-sul de Roraima. Segundo ele, a Lei prevê a permissão para pesca com descaideiras ou malhadeiras deve ser de até um terço entre uma margem e outra do rio, o que vem sendo descumprido. “Alguns têm fechado de uma margem para outra, o que impede que o cardume suba para cá. A fiscalização é insuficiente para punir os pescadores que realizam atos ilegais”, afirmou.
OUTRO LADO – A reportagem encaminhou demanda para as duas instituições financeiras que ofertam linhas de crédito por meio do Pronaf a pescadores em Roraima, o Banco do Brasil (BB) e o Banco da Amazônia S.A. (Basa), para questionar sobre o motivo da dificuldade na obtenção de financiamentos.
Por meio de nota, o gerente do Basa em Roraima, Liércio Soares, informou que o problema está relacionado ao gatilho de inadimplência, a partir do qual as novas contratações ficam condicionadas à apresentação de plano de ação para regularizar dívidas.
“O sucesso do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) está associado à sustentabilidade ambiental, social e econômica dos projetos contratados. A taxa de inadimplência é um importante indicativo deste desempenho. Sempre que atingida uma determinada taxa de inadimplência, as novas contratações serão suspensas para que os parceiros do programa identifiquem as causas e estabeleçam um plano de ação para aprimorar a execução do programa, evitando novos casos de insucesso e a recuperação dos projetos inadimplentes”, justificou.
Até o fechamento desta matéria, às 17h de ontem, o Banco do Brasil não havia respondido a reportagem. (L.G.C)