Conhecer e dimensionar a realidade social, de saúde e hábitos dos adolescentes estão entre os principais objetivos da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE). Realizada a cada quatro anos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com os ministérios da Saúde e Educação, os resultados dão base para ações e planejamentos destinados aos estudantes brasileiros de escolas públicas e privadas.
A quarta edição lançada este ano teve início nessa segunda-feira, 8, em algumas localidades do País e será concluída em 30 de junho. Todo processo é feito por amostragem, com a seleção de escolas e turmas com a aplicação de um questionário com 120 perguntas sobre os contextos sociais e familiares em que se encontram, além de hábitos alimentares e percepção da própria imagem.
Neste ano, a pesquisa será focada em alunos de 13 a 17 anos do Ensino Fundamental (7º ao 9º ano) e do Ensino Médio (1ª a 3ª série) por meio de um minicomputador chamado “Dispositivo Móvel de Coleta” que se assemelha a um smartphone. Os estudantes não são obrigados a responder, mas caso aceitem participar da pesquisa, não são identificados, assim como também não o são a instituição de ensino que frequentam.
Conforme explicou a coordenadora da PeNSE em Roraima, Ângela Souza, a pesquisa abrange localidades da capital, interior, zonas rurais e comunidades indígenas.
“O objetivo principal é monitorar situações de risco dos escolares. A cada edição, procuramos colocar um linguajar apropriado para os alunos para eles ficarem à vontade para responderem e se sentirem seguros para falarem a verdade”, relatou.
Após os resultados, a coordenadora destaca que cabem às secretarias, escolas e ministérios as medidas a ser adotadas para sanar os principais problemas encontrados pelos alunos dentro e fora de sala de aula.
Confira resultados de Roraima do último PeNSE feito em 2015
Na última edição, feita em 2015, Roraima teve destaque nacional com o maior percentual de escolares do 9º ano do Ensino Fundamental que foram estuprados, chegando a 7,3%. O Estado também teve o maior número de estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental que já tiveram relação sexual, totalizando 41,4%.
SEXO E GRAVIDEZ – A maior parte dos estudantes que teve relação sexual era de escola pública, representado 42,9%; 58,2% deles afirmaram que utilizaram preservativo. Já nas escolas privadas, o número dos que já tiveram relações foi somente de 17,6%, mas 62,5% garantiram o uso do preservativo. O Estado também teve destaque nacional com o maior percentual de estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental que engravidaram uma vez, com 3,5%.
DROGAS – Os que relataram terem experimentado drogas ilícitas alguma vez representaram 12%. Dos que usaram maconha, compuseram 54,4% dos estudantes e 14,3% relataram o uso de crack. Os que responderam que possuem amigos que usam drogas ilícitas representaram 18,9%.
Em relação à bebida alcoólica, 56,6% afirmaram terem experimentado alguma vez e 41,2% disseram que ficaram embriagados. O modo de acesso às bebidas foi maior em festas, conseguiu com amigos e comprou no mercado ou em bar. O consumo de álcool teve aumento desde a primeira pesquisa, sendo que em 2009 esse percentual ficou em 27,3% e em 2012 com 26,8%.
ALIMENTAÇÃO – 73,5% dos escolares em Roraima responderam à época que conseguiam tomar café da manhã cinco dias ou mais na semana. O consumo de fast-food em três dias ou mais da semana correspondeu a 17%. Refrigerantes e salgados consumidos em pelo menos cinco dias da semana representaram 29,7% e 25,7%, respectivamente.
ESCOLAS – Sobre as estruturas das escolas, as instituições privadas alcançaram 100% em todos os quesitos, de possuir biblioteca em condições de uso, quadra esportiva, acesso à Internet e banheiros em condições de uso. Nas escolas públicas, os percentuais variam entre 64,4% a 86,9% nas respostas sobre esses pontos.
Em Boa Vista, bullying foi o maior do País, mas consumo de cigarros diminuiu
Boa Vista foi destaque nacional com maior percentual de escolares do 9º ano do Ensino Fundamental que praticaram bullying, com 28,1%. Dos que se sentiram humilhados por provocações de colegas, 11,2% responderam que o motivo foi pela aparência, 7,5% pela cor ou raça. Outros motivos representaram 58,4%.
CIGARRO – Em comparação ao resultado da pesquisa de 2012, os que afirmaram que experimentaram cigarro alguma vez teve uma redução, saindo de 30,2% para 28,2% em 2015. Já os que experimentaram drogas ilícitas alguma vez e tiveram relação sexual aumentaram, com 13,2% e 42,9%, respectivamente. (A.P.L)