No mês de abril deste ano, 70,6% das famílias roraimenses estavam endividadas, o que representa 64.659 famílias com débitos. Esses dados fazem parte de uma análise feita pela Fecomércio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Roraima), com base na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), elaborada pela CNC (Confederação Nacional do Comércio).
Segundo o economista da Fecomércio-RR, Fábio Martinez, este foi o segundo aumento seguido do nível de endividamento das famílias, subindo novamente 0,9 pontos percentuais na comparação com o mês anterior, março. Martinez informou que faz dois meses seguidos que está tendo aumento do nível de endividamento das famílias e isso se deve aos gastos com cartão de credito. Dentre os principais tipos de dívida estão cartão de crédito (81,7%); carnê de lojas (50,2%); financiamento de carro (12,7%). “A pesquisa revelou que mais de 80% das famílias roraimenses têm dívidas com cartão de crédito. Quando digo que a pessoa tem dívida, estou dizendo que comprou alguma coisa parcelada”, disse.
No mesmo período de 2018, o índice ficou em 81,7%, ou seja, 74 mil famílias estavam com débitos. “Mas, se a gente comparar o mesmo período do ano passado, houve uma queda de 9,3 pontos percentuais”, explicou.
Outro dado interessante da pesquisa é que pelo segundo mês seguido teve uma queda no percentual de pessoas com contas atrasadas (-0,3 pp), e daquelas que informavam que não tinham condições de pagar nenhuma de suas contas (-0,8 pontos percentuais).
Martinez explicou ainda que, com esses dados sobre endividamento, houve uma queda que não é muito significativa. “Faz alguns meses que está tendo uma queda no número de pessoas que têm algumas contas em atraso. Uma redução ainda na quantidade de pessoas que disseram que não teriam condição de pagar nenhuma de suas contas, que é de 0,7%”.
Essas dívidas comprometem em média 27,8% da renda das famílias roraimenses, e se alongam por aproximadamente 6,4 meses. Dentre aqueles que têm contas em atraso, o tempo médio que elas estão vencidas é de 50,9 dias.
“Embora tenhamos essa situação positiva, já que o endividamento familiar está reduzindo, não podemos dizer que estamos em pleno crescimento, mas podemos dizer que estamos saindo, mesmo que a passos curtos daquela crise que vivenciamos em 2018”, afirmou Martinez.
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor é apurada mensalmente pela CNC – Confederação Nacional do Comércio, desde janeiro de 2010. Os dados são coletados em todas as capitais dos Estados e no Distrito Federal, com cerca de 18 mil consumidores. Das informações obtidas, são apurados importantes indicadores: percentual de consumidores endividados, percentual de consumidores com contas em atraso, percentual de consumidores que não terão condições de pagar suas dívidas, tempo de endividamento e nível de comprometimento da renda.
Confira as dicas do economista para fugir das dívidas
(Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)
Fábio Martinez afirmou que se deve evitar comprar a prazo. “O mais importante é tentar comprar à vista, mesmo que seja um valor maior. Então faça uma economia por alguns meses e pague pelo produto à vista, porque parcelado vai ficar refém de dívida. E outra coisa, querendo ou não diminuirá o poder de compra nos próximos meses”.
É preciso ter noção do que gasta. “Sabemos quanto recebemos ao final do mês porque é um salário fixo, assim como algumas contas como IPTU, água, luz. Então é possível definir o quanto se gasta, mas têm contas que são variáveis e a primeira coisa que tem que fazer é anotar esse tipo de gasto para ter um controle do orçamento.
Pesquisar. “Se a pessoa tem a necessidade de comprar um bem e não tem o dinheiro todo, vai precisar de algum crédito para adquirir esse bem. O ideal é que pesquise e ver as formas de créditos. O consignado é melhor porque tem a menor taxa de juros. Então, além de pesquisar o produto e as linhas de créditos que tem, deve optar por parcelamentos mais curtos”.