Pesquisa será feita para identificar presença de metais nas águas

Muito tem se falado que as águas dos rios de Roraima possam estar contaminadas por conta de metais pesados originários do garimpo. Mas não é certo garantir que a qualidade da água do estado esteja sendo afetada principalmente pela atividade garimpeira.

Por isso, o professor doutor em Geografia e especialista em recursos hídricos, Carlos Sander, da UFRR (Universidade Federal de Roraima), disse que está sendo estudada a possibilidade de uma pesquisa sobre a presença de metais pesados nos rios do estado. Principalmente porque, segundo ele, Roraima tem duas situações: a cidade e o garimpo.

“Uma questão que a gente está planejando é quem sabe fazer uma avaliação futura sobre metais pesados. Aqui [em Roraima] você tem duas situações. Porque a própria cidade pode ser também uma fonte produtora de metais pesados no curso da água. Mas tem outro fator que pode está ficando em evidencia no estado está associado ao garimpo. Mas até que ponto, eventualmente, essa atividade ela pode comprometer a qualidade da água?”, disse o professor.

Esse problema do garimpo, segundo Sander, já está sendo analisado pela Femahr (Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos) e a Caer (Companhia de Águas e Esgotos de Roraima).

“O que eu sei é que a Femahr e a própria Caer, fizeram amostragem para fazer análise da presença de metais pesados [nos rios], principalmente tratando essa questão do garimpo. Esses resultados ainda não sairam, mas, aparentemente até aquele momento, não tinha sido visto impactos ainda importantes”, disse.

Professor doutor em Geografia e especialista em recursos hídricos, Carlos Sander (Foto: Diane Sampaio/FolhaBV)

Porém, Sander explica que esses estudos são de um ano. Por exemplo, se uma coleta foi feita em 2020, o resultado provavelmente sairá no ano seguinte. Por isso, se comparado o estudo de um ano atrás com a atualidade, a realidade já vai ser diferente. “O que aconteceu de um ano para cá é muita coisa”, afirmou o professor.

O professor ainda explica que o local monitorado influenciará nos resultados. “Uma coisa é você monitorar Boa Vista. A outra coisa é você fazer um monitoramento daquelas bacias que estão sendo realmente afetadas. Por exemplo, Mucajaí, uma bacia que está sendo marcada pela atividade do garimpo”, disse.

“O Catrimani, se você for ver a imagem do satélite já de muito tempo, que é uma bacia bem isolada, no município de Caracaraí, você vê a água, num ambiente totalmente florestado, extremante turva. E isso a muito tempo… 15, 30 anos atrás já demonstrava essa questão. Talvez esteja agora só mais agravado”, completou Sander.

QUALIDADE DA ÁGUA – Em 2019, o ex-diretor de Tecnologia e Gestão do Sistema de Água, da Caer, Gabriel Mota disse que a qualidade da água era considerada boa.

“Esse ano [2019] a última análise apontou a presença do mercúrio dentro dos padrões permitidos para o consumo, sendo de apenas 0,0002mg/l para água doce conforme legislação do Conselho Nacional do Meio Ambiente”, disse Mota.