Uma pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por iniciativa do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e do Conselho Regional de Enfermagem de Roraima, apontou o perfil dos profissionais da categoria no Estado. Eles se dizem desgastados no exercício da função e a maioria está empregada no serviço público, sendo grande parte do sexo feminino.
São cerca de dois mil profissionais da área, entre auxiliares, técnicos e enfermeiros, foram consultados. O estudo, apresentado no dia 10, apontou que a enfermagem em Roraima atualmente é composta por um quadro de 76,8% de técnicos e auxiliares e 23,2% de enfermeiros. A grande maioria, cerca de 85%, se concentra na Capital.
A pesquisa mostrou que 82,6% dos enfermeiros estaduais estão no serviço público, 16,8% no privado, 2% no filantrópico e 3,8% nas atividades de ensino. No Estado, 62,6% da equipe de enfermagem declaram desgaste no exercício da função.
Considerando a renda mensal de todos os empregos e atividades que a equipe de enfermagem exerce, constata-se que 1,5% de profissionais recebem menos de um salário mínimo por mês, ou seja, menos que R$ 788,00. 12,7% dos enfermeiros declararam ter renda total mensal de até R$ 1.000.
Entre os profissionais, a maioria (66%) exerce apenas uma atividade. No Estado, com exceção do setor filantrópico, os demais grandes setores de empregabilidade da enfermagem (público, privado e ensino) apresentam subsalários. O privado (39,9%), o público (9,2%) e o de ensino (9,2%) praticam salários com valores de até R$ 1.000.
O Estado tem um dos maiores percentuais em relação à presença de homens na profissão, com 27,9%. No entanto, o quadro de servidores continua sendo dominado pelas mulheres, que preenchem 72,1% das vagas no mercado de trabalho. A equipe de enfermagem em Roraima é predominantemente feminina, sendo composta por 72,1% de mulheres.
O que mais chama atenção é que Roraima possui, proporcionalmente, na Região Norte, o maior contingente de profissionais indígenas, representando 2%. Os trabalhadores de nível médio (técnicos e auxiliares) apresentam escolaridade acima da exigida para o desempenho de suas atribuições, o que representa 36,7% de todo o contingente, que possuem ou estão fazendo cursos de graduação.
A área já apresenta situação de desemprego aberto, com 9,6% dos profissionais entrevistados relatando situações de desemprego nos últimos 12 meses. Dificuldade de encontrar emprego foi relatada por 67,8% desses profissionais.
PESQUISA – O estudo sobre o Perfil da Enfermagem, realizada em aproximadamente 50% dos municípios brasileiros e em todos os 27 estados da Federação, inclui desde profissionais no começo da carreira (auxiliares e técnicos, que iniciam com 18 anos) e enfermeiros, com 22, até os aposentados (pessoas de até 80 anos).
“Traçamos o perfil da grande maioria dos trabalhadores que atuam do campo da saúde. Trata-se de uma categoria presente em todos os municípios, fortemente inserida no SUS [Sistema Único de Saúde] e com atuação nos setores públicos, privados, filantrópicos e de ensino. Isso demonstra a dimensão da pesquisa, que não contempla apenas os que estão na ativa, mas a corporação como um todo”, comentou a coordenadora-geral do estudo e pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), Maria Helena Machado.
Segundo o presidente do Conselho Estadual de Enfermagem, Josias Ribeiro, a pesquisa foi encomendada para determinar a realidade dos profissionais e subsidiar a construção de políticas públicas. “Este diagnóstico detalhado da situação da enfermagem brasileira é um passo necessário para a transformação da realidade”, afirmou. (L.G.C)