Cotidiano

Pesquisadora de Roraima detecta “bactérias do bem” no estado

Os pesquisadores Mariangela Hungria, da Embrapa Soja (Londrina- PR), Jerry Zilli, da Embrapa Agrobiologia (Rio de Janeiro- RJ) e Krisle da Silva, da Embrapa Roraima (Boa Vista- RR) compõe uma equipe de taxonomistas brasileiros que vêm se destacando em pesquisas na área de identificação e descrição de bactérias, eles acabaram de descrever oito novas espécies de bactérias benéficas à agricultura brasileira. Segundo especialistas da área as bactérias são “promotoras do crescimento” das plantas. Em Roraima foram descobertas duas.
Segundo Krisle da Silva, a pesquisa busca as chamadas “bactérias do bem” que promovem o crescimento vegetal. As novas espécies (Rhizobium e Bradyrhizobium) trazem benefícios às culturas da soja, do feijoeiro, do feijão-caupi e da leucena, com importância para a alimentação humana, animal, como adubo verde e com potencial para reflorestamento.
Além de agronômica, as bactérias têm importância ambiental e econômica, uma vez que são capazes de captar o nitrogênio (N2) presente no ar (representando 78% dos gases da atmosfera) e transformá-lo em uma forma de nitrogênio assimilável pelas plantas. Elas são capazes de suprir as necessidades das plantas em nitrogênio, dispensando a adubação nitrogenada.
“Um grande exemplo disso é a Soja, hoje o produtor não precisa mais adubá-la com nitrogênio, pois com o uso dessa bactéria elas conseguem capturar o nitrogênio e passá-la para planta. Sendo o caso de maior sucesso até hoje das nossas pesquisas”, disse Krisle. O processo é chamado de fixação biológica de nitrogênio, considerado o mais importante processo biológico do planeta, depois da fotossíntese.
Uma estimativa feita pelo grupo de pesquisadores mostra que a utilização dessas bactérias pode trazer às culturas da soja, do feijoeiro e do feijão-caupi, cerca de 18 bilhões de dólares anuais, que deixam de ser gastos com fertilizantes nitrogenados nessas culturas.
No estado duas “bactérias do bem” foram detectadas. Uma chamada Bradyrhizobium ingalue, Encontrada em um nódulo da ingá (Inga laurina), uma árvore conhecida pelos frutos doces e com potencial para reflorestamento. A outra Bradyrhizobium neotropicale, encontrada no Pau-Rainha (Centrolobium Paraense). “Esta é um descoberta que acabou de ser aceita para publicação em uma revista internacional chamada International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology, no qual ganhamos reconhecimento pelo nosso trabalho”, frisou a pesquisadora da Embrapa Roraima, Krisle da Silva.
A pesquisa que vem sendo realizada nos últimos quatro anos, somente em Roraima, estabelece expertise em taxonomia de microrganismos. Com importância, não só porque amplia o conhecimento sobre a rica biodiversidade brasileira, no caso deste grupo de microrganismos do solo, como também protege o patrimônio genético e viabiliza o registro de patentes, produtos e outros ativos biotecnológicos com base microbiana.