O cultivo de fruteiras nativas foi um dos assuntos discutidos durante o programa Agenda da Semana, ontem, 28, pela Rádio Folha AM 1020. Entre as espécies que estão sendo introduzidas no Estado está o cupuaçu, uma das frutas regionais mais conhecidas no país. “O cupuaçu possui inúmeras formas de usos, sendo a principal delas a produção de alimentos por meio de sua polpa. Temos a produção de doces, geleias, bombons, cosméticos, entre outros itens. É uma fruta que tem uma boa aceitação, principalmente por conta do seu sabor exótico e que pode trazer uma rentabilidade para quem produz e para a localidade onde é cultivada”, destacou a pesquisadora agrônoma e doutora em fitoterapia Hyanameyka Primo.
Planta nativa da região Amazônia, o cupuaçu pode ser encontrado também em países vizinhos, como Venezuela e Colômbia. O fruto pode apresentar formato e tamanhos variados, medindo de dez a 40 centímetros, e pesando de 300 gramas a quatro quilos. “São fruteiras nativas com grande importância e nós temos um grande recurso nativo que propicia uma rentabilidade econômica muito positiva. Por meio dos estudos que fizemos, se um agricultor plantar 400 plantas, ou seja, se tiver um hectare de cupuaçu, no quinto ano de plantio, ele terá uma média de produção de 15 frutos por planta. Considerando que um fruto tem 1,5 quilos e que 40% do fruto é formado de polpa, em cálculos brutos, você vai ter uma produção de 9 toneladas, obtendo uma renda anual de R$ 28.800”, exemplificou.
Segundo a pesquisadora, por conta do potencial do Estado, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) está realizando uma série de trabalhos de pesquisa que visam solucionar o déficit tecnológico na produção e processamento do cupuaçuzeiro. “Hoje, a pesquisa realizada pela Embrapa tem desenvolvido o cultivo do cupuaçu nas áreas produtivas do Estado e esse repasse de conhecimento tem sido muito importante para os agricultores, tanto que temos localidades que já despontam como promissoras para essa cultura, como os municípios de Pacaraima e Rorainópolis, devido às condições de clima e de solo dessas localidades. A ideia é tornar esse tipo de cultura muito forte aqui”, disse.
Outra preocupação da pesquisa diz respeito ao controle de doenças fitossanitárias que atingem os pomares de cupuaçu, sendo a mais comum no Estado a Vassoura de Bruxa. Segundo Hyanameyka, medidas como a poda regular da copa da árvore e o plantio de mudas toleradas podem evitar o surgimento desse tipo de praga. “Um pomar que tem a Vassoura de Bruxa causa uma queda drástica de produtividade, em que o produtor acaba perdendo em torno de 70% a 80% dos frutos”, frisou.
O aproveitamento dos resíduos é sugerido pelos pesquisadores, como forma de evitar a disseminação de fungos causadores de doenças e diminuir os custos com a aquisição de adubos e fertilizantes. “Antigamente, quando se fazia o controle de praga, geralmente se recomendava queimar os galhos retirados do cupuçuzeiro. Hoje em dia isso não é aconselhável, porque esse material pode ser reaproveitado como composto orgânico. A Embrapa já fez pesquisa e comprovou que fazendo o uso da trituração dos galhos com outro tipo de composto, adicionando ainda alguma fonte de nitrogênio, podendo ele ser esterco ou plantas leguminosas trituradas, com 60 dias de irrigado e revirado, esse material fica apto para ser utilizado como substrato para a muda ou mesmo para adubar as plantas”, pontuou. (M.L)