ANA GABRIELA GOMES
Editoria de Cidade
O preço da gasolina e do diesel nas refinarias vai sofrer mais uma redução nesta quinta-feira, 6. Conforme o anúncio feito pela Petrobras, o litro da gasolina vai custar 4,3% a menos, enquanto o diesel terá queda de 4,4%. Esta é a quarta vez no ano que a estatal anuncia redução junto às refinarias. A diminuição do ano, no entanto, pode não ser sentida pelos consumidores.
No geral, o repasse dos ajustes de preço nas refinarias para o consumidor final depende de diversos fatores, como impostos, margens de distribuição, revenda e mistura de biocombustíveis. Portanto, fica a critério dos responsáveis de cada posto o valor a ser cobrado. Independente disso, as distribuidoras vão comprar gasolina por R$ 0,075 a menos e o diesel a menos R$ 0,091 a partir de hoje.
Em Boa Vista, dos mais de 40 postos pesquisados pela equipe de reportagem da Folha, pelo menos 10 fazem parte da mesma rede. Outros cinco, em média, também são vinculados à mesma gerência. Nos locais, os preços dos combustíveis, principalmente a gasolina, costumam estar sempre semelhantes entre si, sem uma concorrência propriamente dita. No meio econômico, a situação é definida como cartel.
O cartel acontece quando duas ou mais empresas, do mesmo ramo, atuam em conjunto para o controle do mercado onde estão inseridas. Em um dos últimos reajustes de 2019, a Folha conversou com o responsável de um posto localizado no bairro São Vicente, que preferiu não se identificar. À época, ele explicou que cada posto estipulava o preço a partir dos concorrentes. No caso, se um reduz, todos reduzem. E vice versa.
Atualmente, o litro da gasolina na capital está custando cerca de R$ 4,25 para pagamento à vista, seja em dinheiro ou cartão de débito. No pagamento a crédito, o preço encarece, em média, R$ 0,10. Em relação ao diesel, não há promoção. Nos postos percorridos, diferente da gasolina, o litro do óleo diesel sofre alterações de valores, podendo ser cobrado de R$ 3,84 a R$ 3,95.
OUTROS REAJUSTES – O primeiro reajuste do mês de fevereiro é o quarto feito pela Petrobras em 2020. Três reduções ocorreram em janeiro. A primeira de 3%, a segunda de 1,5% e a última, ocorrida no dia 30, em 3% novamente.
Motoristas não têm esperança de redução nos postos
Caminhoneiro, José Roberto, “Nós, que somos caminhoneiros autônomos, somos muito impactados” (Foto: Diane Sampaio/FolhaBV)
A reportagem conversou com alguns condutores a respeito da redução anunciada nesta quarta-feira, 5, pela estatal, a fim de saber se eles esperam por uma queda no preço cobrado pelos postos. No entanto, nenhum dos entrevistados informou ter esperança de uma redução nos valores. Um deles é o caminhoneiro José Roberto. Natural de Araguaína (TO), ele trabalha com uma carreta de carga geral, levando e trazendo encomendas de Manaus (AM). Para ele, a falta de expectativas é atribuída a todos os reajustes de 2019. Atualmente, considerando uma viagem por semana, Roberto gasta cerca de R$ 10 mil por mês. “São 600 litros de ida e volta. Nesse abastecimento eu já gasto, em média, R$ 2,2 mil”, contou.
Como caminhoneiro autônomo, ele contou que precisou assumir novas atitudes ao fechar contratos. “Quando as pessoas querem fechar o frete, eu solicito 50% do total adiantado, justamente para cobrir o custo”, falou. Um taxista, que preferiu não se identificar, também não tem fé de que os postos vão reduzir os combustíveis. “A gente sabe que é só esquema esses lugares. Se duvidar, os postos são de uma família só. Eu me viro indo atrás de promoções, às vezes consigo economizar R$ 50 no mês”, disse.