A Polícia Federal e o Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) deflagraram na manhã desta sexta-feira, dia 19, a operação Weak Link, com o objetivo de desestruturar a organização criminosa de origem paulista intitulada Primeiro Comando da Capital (PCC), que estaria atuando dentro e fora dos presídios em Roraima. No decorrer da operação que iniciou em janeiro, após levantamentos realizados pela Sejuc (Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania), o que gerou relatórios para a investigação, já foram efetuadas 36 prisões. Ao todo, 95 pessoas são alvos de investigação, e destas 75 são detentos do sistema prisional.
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Participaram da operação a Polícia Federal, Grupo de Atuação Especial de Combate a Organizações Criminosas e Investigações Criminais do Ministério Público, a Sejuc e a Sesp (Segurança Estadual de Segurança Pública). Cerca de 400 policiais, entre federais, civis e militares, auxiliaram no cumprimento de 23 mandados em Boa Vista. Um mandado foi executado no estado do Paraná.
Só na manhã desta sexta-feira foram cumpridos 16 mandados de prisão e seis de busca e apreensão. Todos de indivíduos com acusações de envolvimento com o PCC, que operava em Roraima por meio de um líder do crime organizado, preso no estado do Paraná.
Em coletiva a Imprensa, realizada na sede da Polícia Federal, o delegado Agostinho Cascardo, informou que a PF vinha mapeando o sistema prisional do Estado e identificando pessoas envolvidas com presos. “Já prendemos 20 pessoas no decorrer deste tempo e agora mais 16 estão detidas na sede da PF. Efetuamos um total de 23 mandados em Boa Vista, ainda resta um para ser cumprido no estado do Paraná”, destacou.
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O promotor de justiça do MPRR, Marco Antônio Azeredo, disse que apesar do Estado sempre negar, a facção criminosa já existe em Boa Vista há vários anos. “Esta organização já estava estruturada, a partir de então, através de informes que recebemos de São Paulo e através de um esforço em conjunto com a Polícia Federal, nós começamos a trabalhar na identificação dos membros”, declarou.
Azeredo revelou que a identificação dos envolvidos com a facção só foi possível através de escutas telefônicas e documentos apreendidos em revistas no sistema prisional. “Com as escutas nós tivemos êxito em identificar presos comandando e ordenando a prática de crimes aqui no estado. Outro fator determinante foram os documentos da facção apreendidos dentro do sistema prisional, além do relato de testemunhas”, disse o promotor.
Entre os presos está um funcionário da Caixa Econômica Federal, F.N, que segundo investigações, agia passando informações sobre clientes para que bandidos cometessem o crime conhecido como “saidinha de banco”. “Esse servidor tinha acesso a informações privilegiadas sobre os saques de altas quantias realizados na agência. Ele informava a um criminoso, as características físicas dos clientes, que eram assaltados na saída do banco”, disse Azeredo.
Outro acusado é o advogado, J.A, que estaria levando chips de celulares para dentro do sistema prisional do Estado. “Esse advogado, além de entrar com chips, ainda realizava recargas para que os presos pudessem comandar atividades criminosas de dentro das unidades prisionais”, destacou Azeredo.
Ele se entregou no MPRR, na tarde desta sexta-feira, acompanhado de três advogados. Ele foi conduzido para a Polícia Federal para notificação da prisão e, posteriormente, encaminhado ao Comando de Policiamento da Capital (CPC), onde cumprirá prisão preventiva. O promotor de justiça do MPRR, Carlos Paixão, informou que a identidade das pessoas detidas ainda não pode ser revelada. “A operação ainda está em curso, por isso não podemos prejudicar o bom andamento das investigações. Então no momento não podemos identificar nenhum envolvido”, explicou.
Mas a Folha teve acesso às imagens dos detentos acusados: Auiley Silva da Cruz, Bruno Almeida da Silva, Diego Mendes de Andrade, Edson da Silva Ferreira, Geovanes Barbosa Hoffman, Lauro Patrício Augusto de Lima, Ramon Michel dos Santos Barros, Elieldes do Carmo Ramos, Elivandro Batista Ferreira e Anderson Maxsuelle Dias Mafra.
OUTRO LADO – A Folha entrou em contato com o secretário de Justiça e Cidadania, Natanael Nascimento, para que fossem prestados esclarecimentos em relação à declaração do promotor de justiça, Marco Antônio Azeredo de que a facção PCC já existia em Roraima, apesar do Estado sempre negar a existência da mesma, mas ele preferiu não se pronunciar sobre o assunto.
WEAK LINK – Conforme o delegado da Polícia Federal, Agostinho Cascardo o nome da operação deriva de um termo em inglês que significa elo fraco. “A operação foi batizada com o nome de Weak Link porque representa a quebra da corrente do crime com o objetivo de evitar que outros criminosos entrem para a organização e sirvam de sustentação de sua estrutura”, explicou.
Cotidiano
PF e MPRR fazem operação contra crime organizado na penitenciária
Os mandados de prisão foram executados dentro e fora do sistema prisional, também contra um advogado e um funcionário da Caixa Econômica Federal, possivelmente envolvidos com o crime