Um projeto de lei complementar que tramita na Assembleia Legislativa altera os critérios de distribuição da arrecadação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) aos municípios do interior.
De acordo com o projeto, que é de autoria do deputado estadual Jânio Xingú (PSB), o modelo atual de distribuição do recurso se torna injusto.
“Em Roraima, indiscutível que o consumo, por exemplo, por parte das populações dos municípios se concentra na capital, vez que geralmente os indivíduos se deslocam para Boa Vista a fim de adquirir produtos e serviços. Isso significa a concentração de receita no município de Boa Vista, o que resulta em distribuição do ICMS injusta, vez que também concentrada maior parcela para a capital. Distribuir de forma equitativa percentual para os demais municípios, significa valorizar todos os integrantes do Estado de Roraima segundo suas peculiaridades de modo a facilitar desenvolvimento igual, paralelo em todo o Roraima”, diz trecho do PL.
O artigo 1 do PL propõe que os índices de participação dos municípios no ICMS obedeçam aos seguintes critérios:
I – 70% com base na relação percentual entre o valor adicionado em cada município e o valor total do estado nos dois exercícios anteriores ao da apuração;
II – 13%, com base no percentual entre a população de cada município e a população total do Estado, de acordo com o último recenseamento geral, realizado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
III – 11%, com base no percentual entre o valor da receita tributária própria de cada município e a soma da receita tributária própria de cada município e a soma da receita tributária própria de todos os municípios roraimenses;
IV – 3%, considerando o percentual entre a área cultivada de cada município, no ano anterior ao da apuração, e a área cultivada total do estado, levantadas pela Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento;
V – 3%, em função de espaços territoriais especialmente protegidos existentes em cada município e no Estado;
De acordo com o secretário da Fazenda, Marcos Jorge de Lima, o projeto visa fazer justiça social. “Na realidade, existe uma preocupação de que os recursos do ICMS continuem chegando aonde há mais necessidade. O governador fez uma alteração já nesse governo para que os municípios do interior tivessem um acesso maior e melhor ao ICMS, a repartição tem um caráter de justiça social, que seja uma repartição melhor”, explicou.
Ele explicou ainda como será a análise para os novos critérios. “Na prática, não vai alterar os percentuais que os municípios recebem. A preocupação é, se o município recebe mais porque está produzindo mais, poderá mais adiante deixar de participar da repartição dos 99% dos recursos do ICMS, porque estará com o PIB acima da média do estado. E a preocupação do governo de assegurar o envio dos recursos do ICMS para os municípios do interior”, completou.