Cotidiano

Placas Mercosul custam quase o triplo das antigas

ANA GABRIELA GOMES

Editoria de Cidade

Desde o dia 31 de janeiro deste ano tornou-se obrigatório o uso do sistema Mercosul em casos de primeiro emplacamento, troca do município de registro do veículo, furto ou dano à placa. Os condutores que não se enquadram nas obrigatoriedades, por sua vez, podem fazer a mudança por opção. Contudo, é preciso estar ciente de que os valores não são mais os mesmos.

No modelo antigo, o preço unitário da placa para motos girava em torno de R$ 50, enquanto o par, para carros e outros veículos, custava cerca de R$ 80. À época, quando o condutor precisava mudar a placa, o gasto era equivalente a R$ 310 (moto) e R$ 340 (outros veículos), sendo quase R$ 260 referentes às taxas do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Com a mudança, o valor quase triplicou.

Atualmente, as placas Mercosul custam, em média, R$ 130 para motos e R$ 250 para carros e demais veículos. Ou seja, se antes o condutor pagava mais de R$ 300 para mudar a placa, hoje o valor subiu para R$ 500 ou mais, a depender do veículo. Este valor, entretanto, não é padrão. Conforme o presidente do Detran em Roraima, Igo Brasil, quem aplica o valor das placas são as empresas fabricantes.

“Cada empresa aplica seu valor. Cabe a nós avaliar se elas estão seguindo a resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran)”, explicou. 

Em Roraima, cinco empresas estão credenciadas e aptas para o trabalho de emplacamento desde o dia 31 do mês passado. Na capital, a reportagem conversou sobre o aumento com três gerentes, que não quiseram se identificar com receio de sofrer represálias.

Em unanimidade, eles informaram que o aumento ocorre devido ao frete, visto que a matéria prima não é fabricada em Roraima; aos impostos relacionados à compra e o tráfego; ao Documento de Arrecadação de Receitas Estaduais (Dare), ao QR Code emitido e pela autorização de cada placa. “Se eu fabricar 500 placas, por exemplo, preciso pagar R$ 5.645 para o Detran. Se eu não pagar, tenho meu link cancelado”, informou um deles.

Um dos gerentes informou ainda que o preço cobrado em Roraima é equivalente aos demais estados da região Norte. “Em Manaus eles estão cobrando de R$ 300 a R$ 400. Em Rondônia, o preço já sobe para R$ 500 a R$ 600. Estamos considerando esses novos gastos e os preços das localidades próximas”, concluiu.

SEGURANÇA – Uma das principais novidades que a placa possui é a substituição do lacre pelo QR Code, que trará informações como local de produção da placa, o estado onde ela foi encaminhada e o veículo emplacado. O objetivo é garantir mais segurança na identificação do veículo, com todo o processo produtivo passando por um rígido controle. Isso dificulta a clonagem e facilita a fiscalização. A leitura deste código de barras será feita por meio de aplicativo disponibilizado pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) junto aos órgãos e entidades do sistema nacional de trânsito.

DEMANDA – Entre os gerentes, foi constatado que a maioria da demanda vem de concessionárias. “Cliente avulso não quer trocar de placa, mesmo que seja um investimento, já que ele não vai precisar trocar mais caso mude de cidade ou sofra algum tipo de furto ou dano”, relatou um dos donos de empresas de emplacamento. Segundo ele, outro fator que implica no stress do condutor em relação à mudança está relacionado ao fato de o Detran não querer mais lacrar as placas cinzas, o que acaba obrigando o condutor a mudar de sistema. “Aí eles chegam aqui depois de pagar as taxas do Detran e se estressam com o valor, mesmo sem saber o que é preciso gastar por trás”, concluiu.

Gerente questiona valor das taxas para emplacamento

Após explicar o motivo do aumento das placas, um dos gerentes que conversou com a reportagem pontuou que as taxas do Detran são mais caras que a própria placa. Conforme relato, junto ao órgão, o condutor precisa pagar a taxa para marcar o atendimento, a taxa de autorização de confecção de placas e a vistoria. O valor total, em média, é de R$ 260. “As placas de carro custam R$ 250, isso porque são duas! No caso das motos, o condutor gasta R$ 130 com a placa. Mas e quanto ele paga ao Detran?”, enfatizou. O proprietário da empresa destacou ainda que a taxa referente à autorização de confecção de placas sofreu um aumento, passando de R$ 14 para R$ 137.

OUTRO LADO – Em contato com o presidente do órgão, Igo Brasil, foi esclarecido que as taxas cobradas pelo Detran são as mesmas, desde a mudança das placas amarelas às cinzas. A respeito dos valores das placas em relação às taxas do Detran, o presidente declarou que não há nada novo. “Não mudamos a legislação desde 2014. Os valores são os mesmos desde a mudança da amarela para a cinza”, finalizou.