Cotidiano

PMs que apresentarem atestado no domingo ficarão aquartelados

A determinação é excepcional apenas para o dia do pleito do segundo turno, neste domingo, dia 26

O Comando-Geral da Polícia Militar determinou, por meio de Portaria 048/2014/GCG, que os policiais militares que ingressarem com atestado médico no dia do 2º Turno das Eleições Gerais de 2014, neste domingo, dia 26, terão que ficar aquartelados na Academia de Polícia Integrada Coronel Santiago (Apics).
A alegação do Comando da instituição é que nesse período “ocorre a apresentação de um número significativo de atestados médicos para dispensa de serviço por parte dos militares” e que isso acaba causando transtorno para o policiamento ostensivo no dia do pleito, solicitado pelo TRE-RR (Tribunal Regional Eleitoral em Roraima).
“Considerando a supremacia do interesse público em face da grande demanda desse importante evento democrático nesse período em todo o estado de Roraima, este Comando, resolve determinar que as dispensas médicas apresentadas por policiais no dia 26 de outubro deverão ser cumpridas na Apics, enquanto durar a escala do pessoal para o 2º Turno das Eleições 2014”, explica o documento da PM (Polícia Militar).
Além disso, a determinação é no sentido de que o comandante do policiamento de área “quando informado do afastamento do policial”, terá que providenciar “diligência até a residência do militar para verificar se ele está em casa, o motivo da falta e adotar as providências com vistas ao cumprimento da portaria”.
Sobre a determinação do comando-geral da PM, o deputado estadual Soldado Sampaio (PC do B) opinou e afirmou que a portaria não tem legalidade. “A autoridade maior é o médico. Qualquer ato como este é ilegal e não tem amparo na legislação militar. Se ele tem alguma dúvida, ele que abra procedimento para investigar cada caso”, argumentou.
RONDA NO BAIRRO – O ex-comandante geral da Polícia Militar de Roraima, coronel Edison Prola, fez uma publicação na rede social Facebook na tarde desta sexta-feira, dia 24, denunciando perseguições e uso eleitoreiro da Polícia Militar de Roraima.
Edison Prola comentou o processo eleitoral do 2º Turno, dizendo que “todos os PMs sabem das ameaças e pressões que o efetivo está sofrendo para que votem e façam campanha para o atual candidato à reeleição”. “Um número grande de oficiais pressiona você, policial militar, a votar no candidato governista, denegrindo, ofendendo e perseguindo quem não compactua com eles”, declarou.
O coronel afirma ser de “conhecimento público que a estrutura da PM está sendo usada nessa campanha com uso de viaturas, policiais militares à paisana, operações na cidade e no Interior, blitz em estradas federais e muito mais”. “Tudo isso apenas no intuito de eleger o candidato do grupo governista”, disse.
Segundo o deputado Sampaio, a afirmação do ex-comandante da PMRR (Polícia Militar de Roraima) é de conhecimento de todos. “O próprio procurador eleitoral, Igor Miranda, foi para a televisão e afirmou que as forças policiais estavam sendo usadas para acobertar e apoiar politicamente essa compra de votos”, afirmou o deputado.
Sampaio disse ainda que a denúncia foi feita na tribuna da Assembleia Legislativa do Estado de Roraima (ALE-RR) na semana passada. “Vários policiais estavam sendo obrigados a colocar placar em suas casas e pedir votos. O alto comando da Polícia Militar está usando a estrutura para favorecer o grupo governista. Foi assim em 2010 e está sendo assim agora. O [programa] Ronda no Bairro é composto por pessoas sérias. Infelizmente, um ou outro oficial está usando o Ronda dessa maneira”, criticou.
OUTRO LADO – A Folha entrou em contato com a Assessoria de Imprensa da Polícia Militar, mas não recebeu retorno até o fechamento desta matéria, às 18 horas.