Cotidiano

Pode-se evitar câncer de mama, diz médica

Crenças populares ainda dificultam o tratamento do câncer de mama no País, a doença que mais acomete as mulheres

No mês em que as atenções se voltam para a prevenção do câncer de mama, muitos ainda são os mitos que rondam a doença. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), esse tipo de câncer é o segundo mais frequente no mundo e o tipo mais comum entre as mulheres, respondendo por 22% dos novos casos a cada ano. Só no Brasil, estima-se para este ano o surgimento de 520 mil novos casos da doença.

“Para muitas pessoas, a palavra em si já assusta, isto porque ainda existem muitas ideias erradas sobre a doença e, infelizmente, a maioria das pessoas pensa que câncer é sinônimo de morte. No entanto, o câncer de mama é uma doença que pode ser evitável, desde que a pessoa passe a adotar desde cedo uma série de precauções, como praticar exercícios e sempre estar consultando o médico”, afirmou a presidente da Liga Roraimense de Combate ao Câncer, Magnólia Rocha.

 Segundo a especialista, na maioria das vezes, muitos mitos são alimentados por má interpretação de fatos relacionados à doença ou generalização de um caso isolado, o que acaba por fazer com que as crenças de que o câncer é uma doença irreversível se apresentem como verdades.

“Quando diagnosticado de forma precoce, as chances de cura são grandes. Então, é sempre importante que a mulher conheça o próprio corpo. É preciso desmistificar essa cultura de que o câncer mata e, ao mesmo tempo, criar o hábito de procurar o médico sempre. Muitas mulheres acabam não dando muita importância até mesmo pelo fato do dia a dia ser muito agitado. Muitas são mães e avós, mas nunca é demais estar reservando um tempo para saber se sua saúde está bem”, frisou.

Mitos e verdades sobre a doença

Para melhor compreensão sobre o câncer de mama, a Folha listou alguns mitos e verdades mais comuns quando o assunto é câncer de mama:

IDADE – Antigamente, acreditava-se que apenas pessoas mais velhas poderiam desenvolver o câncer de mama, no entanto, pesquisas mais recente apontam crescimento da doença em pessoas com menos de 40 anos, algo em torno de 2%.

Vale destacar que não existe indicação para mamografia de rotina antes dos 40 anos para a população em geral, somente em casos de múltiplas ocorrências familiares da doença. Entretanto, toda massa que apareça na mama deve ser sempre avaliada, independente da faixa etária.

“O Ministério da Saúde (MS) preconiza que a mamografia seja feita a partir dos 40 anos, mas há incidência da doença também em mulheres mais jovens. O ideal é que qualquer alteração nas mamas, que essa mulher procure imediatamente o médico”, comentou Magnólia Rocha.

HEREDITARIEDADE – Outro mito sustentado por anos era de associar o câncer ao fator genético, mas segundo a especialista, estudos mais aprofundados comprovam que pelo menos 80% dos novos casos de câncer de mama ocorrem em mulheres sem nenhum fator de risco para a doença. “Obviamente, algumas mulheres têm risco aumentado, mas isso não quer dizer que as demais mulheres da população em geral estão isentas desse risco”, frisou.

HOMENS – Embora o público feminino seja o mais atingido pelas ações de prevenção, justamente por ser o gênero mais afetado pela doença, os homens também estão na classificação de risco. “Logicamente que a incidência desse tipo de câncer é maior na mulher, mas homem também tem pré-disposição para a doença. 1% dos casos diagnosticados ocorre em homens. Então, os cuidados devem ser os mesmos”, pontuou Magnólia Rocha.

AUTOEXAME – Outro mito difundido até hoje é em relação ao autoexame das mamas. Segundo a mastologista, o erro mais comum é que esse procedimento substitui o exame mais detalhado, algo que não deve ser encorajado na população feminina. “O autoexame das mamas consegue detectar apenas os tumores maiores, com cerca de 1 a 3 centímetros e a mamografia consegue identificar lesões a partir de 0,1 cm. Isso faz com que as chances de cura aumentem ainda mais. Por isso é importante que as mulheres façam a mamografia anualmente, a partir dos 40 anos”, salientou.

RETIRADA DA MAMA – Que a mama é retirada após a detecção de nódulo, também é outro mito presente no imaginário feminino. Segundo Rocha, com o avanço da medicina, alguns casos não requerem mais a retirada da mama por completo, ficando apenas uma pequena marca de cirurgia na região onde houve o procedimento.

“Hoje, há procedimentos cirúrgicos em que se retira somente o necessário, conservando e preservando o seio da paciente ao máximo. A mastectomia, que é a remoção total da mama, só é indicada no caso de tumores maiores, por isso é importante o diagnóstico precoce”, frisou a profissional.

CONSUMO DE ÁLCOOL – Pesquisas mostram que o uso indiscriminado de bebida alcoólica pode, sim, potencializar o desenvolvimento de câncer de mama, já que as substâncias existentes ajudam a aumentar a circulação hormônios femininos e altera a função hepática.

“A bebida é um dos itens que a gente costuma chamar de ‘fatores evitáveis’, porque mexe muito com o organismo das pessoas. Para evitar o surgimento de doenças, o recomendado é realmente não ingerir bebida alcoólica”, disse Magnólia.

GANHO DE PESO – Outros estudos comprovam que o ganho de peso pode aumentar os riscos de doenças em até 40%.  “Para evitar os riscos, a recomendação é praticar exercícios, evitar ao máximo os alimentos gordurosos e industrializados, abusar de frutas e verduras, e, principalmente, sempre realizando exames anualmente”, frisou a médica. (M.L)