Cotidiano

Polícia afirma que adolescente e dois adultos mataram jovem

Maria Araújo afirmou que o filho jamais teve envolvimento com drogas e nega que ele seria homossexual, contrariando a versão da polícia

A mãe do assistente social Flávio Araújo, de 29 anos, que estava desaparecido desde o dia 15 de fevereiro e foi encontrado morto na manhã de quarta-feira, 27, deu sua versão à Folha sobre o que poderia ter motivado o assassinato do filho. Ela acredita que o crime foi premeditado. Na manhã de ontem, 28, parentes e amigos se despediram do jovem durante o velório, que ocorreu em uma igreja no bairro Asa Branca, na zona Oeste da Capital.

Segundo Maria Araújo, Flávio estaria em casa no momento em que seu celular tocou. “Eu ouvi quando o celular do meu filho tocou e ele estava todo arrumado. Só trocou de roupa, colocando uma bermuda, para encontrar com esses criminosos que o mataram. Tenho certeza absoluta que tudo foi premeditado”, disse.

A mãe da vítima afirmou que o filho jamais teve qualquer envolvimento com drogas e que ele não era homossexual, contrariando a versão contada pelos acusados à polícia, que disseram que Flávio tenha sido morto por ter se recusado a pagar o programa sexual.

“Não era o caráter dele. Meu filho nunca se envolveu com essas coisas e também não era homossexual, como foi noticiado. Essas pessoas que fizeram isso com ele podem ter achado que meu filho tinha dinheiro por ter carro e se vestir bem, mas ele era um bom rapaz”, relatou.

Bastante emocionada, Maria contou que quer justiça para que a morte do filho não seja esquecida. “Estão matando nossos filhos e jovens a troco de nada. Infelizmente, a violência está tomando conta de tudo e eu quero que justiça seja feita”, frisou.

Polícia fará pedido de apreensão de adolescente e prisão de dois acusados

Com o desfecho do caso, as investigações sobre a morte do assistente social ficarão por conta da Delegacia-Geral de Homicídios (DGH), da Polícia Civil. À Folha, a delegada titular da DGH, Miriam di Manso, informou que já está formalizando o pedido de apreensão do adolescente de 17 anos, que teria mandado matar Flávio, e dos acusados pelo crime Maicon Albuquerque de Oliveira e Alessandro Guilherme de Lima Carvalho.

“Ontem mesmo o advogado apresentou o Alessandro, um dos três autores do homicídio, que vai ser ouvido. A autoria do homicídio foi definida como sendo do adolescente e dos dois adultos. Até a próxima segunda-feira vamos ouvir o restante dos envolvidos com relação à receptação do veículo do Flávio”, disse.

A delegada acredita que Rafael Amandes Valadares, 19 anos, o “Lobão”, e Luiz Fernando Araújo Veloso, de 18 anos, o “Bopinho”, acusados de terem receptado o veículo do jovem, que foi encontrado carbonizado no Distrito Industrial, responderão ao processo em liberdade. “Com relação à receptação, acredito que a Justiça irá liberar os envolvidos para que respondam em liberdade”, afirmou.

Delegada dá detalhes de como ocorre o assassinato

A titular da DGH, delegada Miriam di Manso, deu detalhes sobre a noite em que o jovem foi assassinado e que ainda não haviam sido divulgados. “O adolescente contou que Flávio pagava para fazerem programas com ele”, disse ao acrescentar que, nesse dia, eles foram para o balneário Caçari, na zona Leste, no bairro do mesmo nome, mas o Flávio teria se recusado a pagar porque o ato sexual não teria sido concluído.

Segundo a delegada, o jovem teria entrado em luta corporal com os criminosos antes de ser morto a facadas. “Eles iniciaram uma briga e um deles pegou um canivete e começou a desferir vários golpes enquanto os outros seguravam o Flávio, que morreu dentro do carro. Depois que se desfizeram do corpo, começaram a pensar como levariam vantagem em relação ao veículo. Aí é que entra a figura dos receptadores, que nada sabiam sobre o crime e desconheciam a procedência do veículo”, concluiu. (L.G.C)