Dados do Núcleo de Investigação de Pessoas Desaparecidas (NIPD) do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil de Roraima registraram o desaparecimento de 72 pessoas somente nos quatro primeiros meses de 2016, média de 18 por mês. Destes, 63 foram solucionados e oito seguem sendo investigados.
Este ano, a maior parte das estatísticas aponta para o desaparecimento de jovens e adultos acima dos 18 anos, com 34 casos registrados, e de crianças e adolescentes entre 12 e 17 anos, com 33 casos. Em 2015, 367 Boletins de Ocorrências (BOs) foram feitos em distritos e, em 2016, mais 376 foram registrados referentes a desaparecimentos no Estado.
A diretora do DHPP, delegada Magnólia Soares, explicou que o Núcleo trabalha com várias linhas de investigações para elucidar os casos. “Quando o desaparecimento é registrado, dentro das nossas condições, fazemos primeiro aquele contato e iniciamos a procura pela família, que sabe todos os hábitos daquela pessoa. Caso a gente não consiga obter informações ou pistas sobre o paradeiro, a família faz o BO e iniciamos as buscas”, disse.
Conforme ela, os investigadores fazem um trabalho de mapeamento para tentar chegar aos desaparecidos. “Seja crime ou desaparecimento, começamos com a vitimologia. Procuramos saber quem é aquela pessoa, destrinchamos as redes sociais e fazemos todo um mapeamento daquele desaparecido, porque aí começam a abrir para nós as possibilidades”, explicou.
Os casos mais comuns de desaparecimentos tratam de fugas entre adolescentes. “A causa maior de fuga muitas vezes é o namoro. Nós temos famílias aqui que não sabem nada do filho e isso significa a ausência de limites e de diálogo. Às vezes, é preciso que os pais se inteirem na vida dos filhos e imponham limites, principalmente em relação às redes sociais”, disse a delegada.
Para tentar diminuir o número de ocorrências de fugas ou desaparecimentos envolvendo crianças e adolescentes, a Polícia Civil começará a penalizar famílias que permitam a presença de menores nas residências sem autorização dos pais. “Enquanto não fizermos isso, não vamos conseguir acabar com essa estatística. Às vezes, aquele menor passa dias na casa de um amigo sem os pais saberem, e isso é crime”, afirmou.
Entre os adultos, as maiores causas de desaparecimentos são resultantes de conflitos internos e familiares, além de problemas psíquicos e psiquiátricos. “Há também casos que envolvem maus-tratos. Temos ocorrências de pessoas que desaparecem de tanto apanhar dos maridos ou pais”, informou.
A diretora citou como exemplo o caso da ex-secretária de saúde do Cantá, Hadacia Alves, encontrada morta esta semana dois meses após o seu desaparecimento. “Esse caso nós já imaginávamos que se tratava de um homicídio e, no meio das diligências, sabíamos que não iríamos encontrar ela com vida. Quando o desaparecimento acaba em morte, o caso é encaminhado para a Delegacia de Homicídios, onde é investigado”, explicou.
A delegada ressaltou a importância de a família registrar o sumiço da pessoa já nas primeiras horas. “As pessoas têm aquela mania de só informarem à polícia após as primeiras 24 horas, mas isso não existe. Tem que ir à delegacia logo e, de preferência, com fotografia e com o nome completo para buscarmos as primeiras informações”, frisou. (L.G.C)