Cotidiano

Polícia Federal faz operação em RR para combater desmatamento ilegal

Foram cumpridos 42 mandados de condução coercitiva e 49 de busca e apreensão em Roraima, Amazonas, Pará e Rio de Janeiro

A Polícia Federal deflagrou ontem a Operação Xilófagos. As investigações, iniciadas em 2011, levaram a desarticulação de um esquema de desmatamento florestal em reservas indígenas e áreas de preservação ambiental. Estão envolvidos engenheiros florestais, proprietários rurais e donos de madeireiras. Somente na manhã de ontem, foram cumpridos 42 mandados de condução coercitiva e 49 de busca e apreensão. Cinco envolvidos foram presos em flagrante por porte ilegal de arma de fogo.
Em coletiva à imprensa, o delegado da Polícia Federal Alan Robson informou que a operação iniciou há três anos e foi intensificada no mês de junho deste ano. “Nesta semana, contamos com o apoio de 150 agentes de outros estados, além de todo o efetivo da Polícia Federal em Roraima”, disse.
Conforme dados da Polícia Federal, os mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Boa Vista, Rorainópolis, Cantá e Caracaraí, além do estado do Amazonas, Rio de Janeiro e Pará. “O desmatamento ocorreu em Roraima, porém algumas das empresas envolvidas têm sede em outros estados”, disse o delegado ao destacar que os cinco presos por porte ilegal de arma de fogo encontram-se detidos na sede da PF em Boa Vista. 
Conforme o delegado, as seis maiores madeireiras do Estado faziam parte do esquema. Em documento ao qual a Folha teve acesso, são citadas as empresas FIT Manejo Florestal, Madeireira Ipê, Acácia Mel da Amazônia, Madeireira Vale Verde, RR Madeiras e Madenorte, além de nomes de empresários estrangeiros que atuam no ramo em Roraima e vários outros envolvidos.  
O delegado explicou que as empresas obtinham junto aos órgãos de fiscalização ambiental Documentos de Origem Florestal (DOF). Ele relatou que os empresários solicitavam a extração de madeira de pequenos lotes em Boa Vista, Rorainópolis, Caracaraí e São João da Baliza, no entanto, extraiam madeiras de árvores em áreas de preservação ambiental e reservas indígenas.
“Os empresários solicitavam o DOF, o plano de manejo florestal e projetos de extração de madeira de forma ilícita. Toda a documentação era repassada às empresas que usavam as autorizações para justificar o desmatamento em locais proibidos”, disse o delegado.
Segundo ele, as empresas utilizavam as autorizações para transportar a madeira. “As irregularidades se davam desde a extração até o transporte da madeira. Em depoimento, alguns envolvidos afirmaram que usavam veículos de passeio como motocicletas para transportar a carga”, frisou.
Estima-se um prejuízo de R$35 milhões pelos danos causados ao meio ambiente. “Foram derrubados 900 mil metros cúbicos de madeira. Os envolvidos terão que arcar com as despesas, pagando pelo prejuízo causado”, destacou.
Alan Robson destacou que todas as empresas envolvidas no esquema perderam as autorizações para a extração de madeira. “Os empresários podem comercializar o que possuem em estoque, mas estão proibidos de transportar ou extrair madeira até que toda a situação seja esclarecida e regularizada”, disse ao destacar que, após serem ouvidos, os acusados de envolvimento no esquema foram liberados.
EMPRESAS – A Folha entrou em contato com a empresa FIT Manejo Florestal, que informou que se pronunciará sobre o assunto somente quando as investigações forem concluídas. A equipe de reportagem também entrou em contato com a RR Madeiras, mas não havia no local alguém que pudesse responder pela empresa. As demais envolvidas não atenderam aos telefonemas.
OPERAÇÃO – A denominação da operação resulta da combinação de xilo, do grego ksúlon, que significa “madeira”, com fago, do grego phagein, que significa “comer”. Um xilófago é um inseto que se alimenta de madeira. (I.S)