Cotidiano

Polícia Federal investiga estadia de estrangeiros em Pacaraima

Todos os dias uma média de 10 estrangeiros, entre somalis, paquistaneses, entre outros, tentam sem sucesso entrar na Venezuela, por meio da fronteira com o Brasil

A fronteira Brasil/Venezuela tem sido visitada constamente por estrangeiros de diferentes países, como Somália, Bangladesh, Índia, Síria e Paquistão. O trânsito dessas pessoas vem causando inquietação à população, pois apenas falam inglês e a língua materna e pagam tudo em dólar. Ninguém sabe o que fazem na região.

Os estrangeiros ficam hospedados nos principais hotéis de Pacaraima e transitam pelas ruas todos os dias. A Polícia Federal já fez uma inspeção em um hotel e verificaram que estavam legais no Brasil, porém, apreenderam grande quantidade de documentos que estão investigando.

Segundo o delegado da Polícia Federal em Pacaraima, Diego França, esta semana foi instaurado o inquérito e iniciaram as investigações. “Vamos apurar tudo, várias pessoas serão ouvidas. Entramos em contato com a PF de São Paulo para fazer alguma ligação, já que estariam entrando por lá e usando esta fronteira como rota, não sabemos ao certo o que fazem nem para onde querem ir”, comentou o delegado.

No departamento de migração da Venezuela, a informação é que esses estrangeiros estariam tentando passar todos os dias pela fronteira, porém, na maioria das vezes são barrados, pois não levam passaporte com visto para ingressar no país vizinho. Segundo a chefe do setor, Jussara da Cruz, muitos chegam sem nenhum documento e já foram pegos tentando atravessar pelo mato, o chamado caminho do boi.

“Eles dizem que o destino final é a Colômbia, mas não temos certeza. Todas as vezes que são pegos tentando ingressarao país ilegalmente, os entregamos às autoridades brasileiras, pois vêm com visto permanente ou temporário do Brasil. Essa situação já acontece há alguns meses, mas agora se intensificou. Todos os dias uma média de 10 estrangeiros tentam sem sucesso entrar na Venezuela”, explicou Jussara.

Essas pessoas pagam táxis, vão a Boa Vista e voltam para atravessar a fronteira. Na maioria dos comércios de Pacaraima já foram perguntar se trocam dólar por real, embora não falem português tentam se comunicar para pagar em restaurantes ou trocar o dinheiro. Segundo o dono de um hotel, que pediu para não ser identificado, os estrangeiros ficam poucos dias e logo chega alguém da Venezuela para buscá-los.

Os imigrantes são de raça negra e andam sempre em grupo. Segundo o dono de uma churrascaria em Pacaraima, João Batista Soares, alguns ficam até 20 dias pela região. “Todos são crioulos e magros, sempre vem grupos de quatro e ficam aqui na frente a tarde toda conectados na Internet, pois meu wifi é livre. Já observei que tem um líder, que é guia e já veio aqui várias vezes, esse fala um pouco português”, relatou.

Os moradores de Pacaraima acham estranho tantos estrangeiros pela cidade, mas os comerciantes aproveitam o movimento em hotéis, restaurantes e lojas.