O golpe do falso sequestro, que acontece por meio de uma ligação na qual os criminosos encenam o sequestro de um familiar da vítima – principalmente filhos – e exigem como resgate dinheiro ou até cartão para crédito de telefonia celular, continua fazendo vítimas em Roraima. Geralmente as ligações vêm de fora do Estado e partem de bandidos que atuam de dentro dos presídios e tentam aplicar os golpes.
O diretor do Departamento de Policia Judiciária da Capital (DPJC), delegado Renê de Almeida, disse que acontece pelo menos um caso de falso sequestro ser registrado por mês na polícia. Ele informou que muitos casos não chegam ao conhecimento da polícia, muitas vezes por vergonha das vítimas dizerem que caíram num golpe.
“Não registramos um aumento dessa demanda e, embora não esteja com os números estatísticos agora, posso afirmar que nem sempre as pessoas procuram a polícia para dizer que foram vítimas. Mas os casos acontecem e sempre são oriundos do Sistema Prisional do Estado do Ceará. Os presos simulam choro de pessoa e, via de regra, todo mundo tem filho e que, naquele momento, deve estar na escola, no trabalho ou viajando. Isso acaba deixando a pessoa em desespero e se tornam vítima fácil”, disse.
Almeida dá dicas para evitar o crime do trote do falso sequestro com o intuito de orientar a população. Ele ressaltou que a maneira como os golpistas realizam o crime é sempre a mesma. “É um golpe que não se sofisticou muito com o tempo. Normalmente, ligam a cobrar informando que algum parente da vítima foi sequestrado e colocam o falso sequestrado na linha, que começa a chorar e a implorar por socorro, solicitando para que se faça o pagamento de uma quantia em dinheiro para o resgate”, esclareceu.
Para o delegado, é importante divulgar algumas recomendações para evitar esse tipo de crime, já que a extorsão costuma funcionar, levando pessoas de boa-fé a entregar quantias em dinheiro e explica que, em caso de receber uma chamada, a primeira coisa é verificar o código da ligação, se é de fora do Estado, e tentar manter a calma. “Não é fácil para um pai ou mãe se controlar mediante uma situação dessas. Mas, em todo caso, a gente reforça a importância de agir friamente e procurar não cair em desespero”, disse.
Segundo ele, é importante lembrar que nenhum sequestro real exige um tempo tão curto para efetuar o depósito do resgate. “Portanto, pedidos imediatos já levantam suspeitas”, frisou ressaltando que geralmente a vítima repassa informação sem notar e, ao ouvir a voz do suposto familiar capturado, acaba revelando o nome dele. “Então atitudes simples, como perguntar para a voz do outro lado da linha ‘qual o seu nome?’, ‘quem está falando?’ pode desmascarar o golpe”.
Além disso, são ligações longas, o que as difere de contatos reais feitos por sequestradores e que pedem insistentemente que não desliguem o telefone. “Isso é para que não tenham tempo de ligar para a pessoa que supostamente esteja sequestrada. Mas tente puxar o máximo de conversa que puder, do tipo ‘repita que não ouvi direito’, e se tiver alguém com você, coloque no viva-voz e depois peça cinco minutos para providenciar o que a pessoa pediu. Com certeza, ela não vai querer que você desligue, então isso já é um sinal de trote. Ao ligar para o suposto sequestrado, vai ver que não era verdade. Isso acontece em pelo menos 99% dos casos”, frisou.
Almeida citou a exposição das pessoas em redes sociais como uma forma facilitada para os bandidos terem seus dados, como nome, idade, características físicas, endereço, parentes, amigos e local de trabalho. “Essas informações pessoais serão usadas pelos golpistas e facilita convencer a vítima de que está com a pessoa. De forma geral, durante a conversa, nunca forneça ou confirme qualquer dado seu ou de seus familiares. Uma vez verificado que é golpe, ligue para polícia denunciando o fato”, frisou. (R.R)