A morte de Evaldo Aristides Vieira, 36 anos, conhecido como “Irmão”, na manhã de quarta-feira, quando ele foi morto a tiros durante confronto com guardas municipais e policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope), que faziam a retirada de várias pessoas que ocupavam uma área próxima ao Anel Viário, após o Conjunto Pérolas, na zona Oeste, começa a ser investigada pela Polícia Civil.
A Folha tentou agendar entrevista para detalhar o andamento do caso, mas a Secretaria de Comunicação do Governo do Estado se limitou a enviar uma nota, informando que o Relatório de Ocorrência Policial (ROP) foi entregue na delegacia e instaurado inquérito presidido pelo delegado Paulo André Migliorin, titular da Delegacia-Geral de Homicídios (DGH). Conforme a nota, o ROP foi entregue ainda na tarde de quarta-feira e as armas dos policiais foram recolhidas e encaminhadas para serem periciadas. Também foi solicitado o laudo cadavérico da vítima.
Pelo menos quatro pessoas já foram ouvidas, entre policiais militares, guardas civis municipais e os integrantes da invasão que foram qualificados na delegacia. Migliorin disse que, após a oitiva de todas as partes envolvidas, o inquérito será encaminhado para o Ministério Público.
O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Dagoberto Gonçalves, determinou a abertura de sindicância para apurar a atuação dos policiais militares no ocorrido, além dos demais procedimentos em casos dessa natureza.
O CASO – A confusão ocorreu quando fiscais da Empresa de Desenvolvimento Urbano e Habitacional (Emhur), com apoio da Guarda Municipal, foram até o local retirar as pessoas que ocupavam a área e chamaram a PM. De acordo com a polícia, um dos invasores ameaçou um dos militares e agrediu-o com uma paulada, quebrando dois dedos do policial e deslocando-lhe o pulso.
Outro policial percebeu que o companheiro corria perigo e atirou duas vezes no agressor, que morreu na hora. As pessoas que estavam acampadas na área foram retiradas do local e sete foram encaminhadas ao 4º Distrito de Polícia para prestar esclarecimentos.
A polícia recebeu a informação de que as pessoas estariam de posse de coquetel molotov, arma branca, pedaços de madeira, pedra e uma arma de fogo de fabricação caseira. A arma não foi apresentada.
ESTADO E PREFEITURA – A Folha enviou e-mail para as secretarias de Comunicação do Governo do Estado e da Prefeitura de Boa Vista solicitando agendamento de entrevista para falar sobre o assunto. Questionou se já era possível identificar quem são os líderes desta invasão, se já haviam identificado as mesmas pessoas em outras invasões, se já vem sendo feito um trabalho de investigação em relação às invasões na Capital e o que se apurou até agora sobre as invasões.
Sobre estes questionamentos, a Secretaria de Comunicação do Governo do Estado de Roraima não se manifestou. Já a Prefeitura de Boa Vista informou, em resposta às três primeiras perguntas, que “não cabe à Secretaria de Segurança Urbana e Trânsito fazer esse tipo de ação e levantamento”.
Informou ainda que sete pessoas foram detidas na ação de retirada no Anel Viário e que os guardas municipais encontraram no local materiais inflamáveis, além de arma branca e coquetel molotov, que pertenceriam aos invasores, por esse motivo foi pedido apoio da PM. (R.R)