Cotidiano

Poluição e desperdício impactam gerações futuras

Lixo acumulado nas águas roraimenses é retirado a cada dois meses e já chegaram a 13 toneladas; desperdício de água é calculado em torno de 60% em todo o Estado

Abrir a torneira e deixar a água cair livremente parece tão comum que é até distante perceber que isso tem risco de acabar. Essencial para a vida, as ações de conscientizações sobre a importância de preservar a água não podem ficar limitadas apenas ao Dia Mundial da Água, celebrado nesta sexta-feira, 22. Na última matéria especial sobre a celebração da data, a Folha aponta que a água que banha Roraima é considerada excelente, mas ainda sofre com a poluição.

Lixo comum composto por garrafas pets e de vidro, plástico, roupas e até equipamentos eletrônicos são encontrados frequentemente nas campanhas de limpeza do Rio Branco, Cauamé e Caçari. Os dois últimos estão acima da captação de água feita pela Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caerr), ou seja, também chega até as residências para consumo.

Batizada de “Caerr nos Rios” a campanha já recolheu mais de 13 toneladas de lixo das águas roraimenses desde que foi criada. A cada dois meses, uma equipe com funcionários da estatal junto com Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) e a Prefeitura de Boa Vista formam uma nova força-tarefa para diminuir os impactos poluentes causados pela poluição.

Contudo, conforme apontado pelo diretor de Abastecimento e Tecnologia de Água, Gabriel Mota, mesmo com a intensidade de ações para retirada do lixo, não está tendo uma diminuição da quantidade de lixo jogado de forma incorreta nas nascentes. “Precisamos conscientizar que a população precisa preservar. É uma água que a gente consome”, relatou.

O diretor aponta que o cenário de poluição é preocupante, mas que ainda não afeta a qualidade da água roraimense, sendo considerada uma das melhores do Brasil. Contudo, ele analisa que com a prática de jogar lixo nos rios é possível que em algumas décadas esse impacto já seja sentido. Após o recolhimento dos materiais, que é feito tanto por barco nas águas quanto nas praias, a Caerr faz a doação para associação de materiais recicláveis.

“Nesse período de verão, os balneários estão muito cheios e as pessoas não têm a consciência de levar o lixo para casa e deixam na margem do rio. Nosso grande problema é no inverno. Quando encher, esse lixo todo vem para nossa captação. Uma vez queimou nossa bomba porque entrou uma corda no motor”, lamentou.

DESPERDÍCIO – O calor acima do normal tem feito com que o consumo de água aumente e acabe faltando em alguns pontos da cidade. Com o nível do Rio Branco diminuindo cada vez mais, a população ainda não tem o entendimento de racionalizar o uso diário. Nessa visão, o registro feito pela Caerr aponta que o desperdício de água em Roraima chega a 60%.

“A dona de casa que tem o costume de lavar a varanda todos os dias, que deixe para lavar em uma semana. Aguar plantas também não deve ser feito todos os dias, pelo menos nesse momento de estiagem. Não é que não estamos produzindo a água, mas o consumo elevado faz com que os bairros distantes sejam afetados”, completou.

Para mudança efetiva desse cenário, a conscientização é a principal forma para que as futuras gerações não tenham problemas com a falta de água ou o consumo de um líquido considerado contaminado. Rodas de conversas, palestras e atividades públicas são os meios encontrados para que a população entenda que o recurso hídrico é fundamental para manter todo tipo de vida. 

Monitoramento é essencial para manter qualidade da água

Os rios e nascentes de Roraima estão atualmente com índices de qualidade acima da média de outros territórios federativos, conforme avaliado pela Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh) que considera a turbidez, pH, condutividade e oxigênio dissolvido.

José Castro, diretor de Recursos Hídricos da Femarh, destacou que a instituição contribui no combate à poluição nos rios com o monitoramento da qualidade da água e ações de educação ambiental em campo, com caminhadas ecológicas e palestras.

“O perigo de contaminação sempre existe, por isso deve ser feito o monitoramento e fiscalização para coibir ações predatórias, como a questão do garimpo que é feito em áreas federais. Mas somando esforços vamos evitar a contaminação de nossos mananciais. Com todas as ações integradas de gestão de recursos hídricos, não há risco de comprometimento grave”, assegurou. Em relação a atividades de mineração, o diretor garantiu que não são significativas para causarem grandes impactos, porém as existentes têm que ser licenciadas. (A.P.L)

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