Cotidiano

População não vê resultados em sistema de videomonitoramento

Para empresários, o monitoramento de iniciativa particular ainda é imprescindível para tentar conter a criminalidade no estado

Quase um ano após o início da instalação, o sistema de vídeomonitoramento urbano contratado pela Sesp (Secretaria Estadual de Segurança Pública) ainda não mostrou a que veio. Pelo menos é esta a avaliação de comerciantes e outros populares que não demonstraram sentir-se mais seguros após a instalação das câmeras.
O sistema inclui 80 câmeras instaladas em diversos pontos da Capital, previamente contemplados com fibras ópticas, que possibilitam o funcionamento da tecnologia. Dentre as áreas monitoradas estão cruzamentos movimentados da cidade, áreas comerciais como as avenidas Ville Roy e Capitão Júlio Bezerra, o Centro da cidade, na área popularmente conhecida como Beiral, onde há intensa movimentação de tráfico de drogas, o estacionamento do Canarinho, onde comumente são flagradas irregularidades de trânsito, dentre outros.
Na avenida Ville Roy, a poucos metros da sede da Sesp, onde foram instaladas as primeiras câmeras, de 10 pessoas questionadas, apenas três sabiam da existência das câmeras.
Uma comerciante, que preferiu não se identificar, disse que não sentiu nenhuma mudança no local em função das câmeras. “Não teve, pelo menos que eu tenha visto, alguma situação em que um crime tenha sido evitado por causa desse monitoramento. Pelo menos não que a gente saiba. O que interferiu foi a presença maior da Polícia com o Ronda no Bairro. Aí sim desperta uma sensação maior de segurança”, disse.
Já a empresária Joice Lins, disse que não dá para confiar apenas no monitoramente disponibilizado pelo poder público. Segundo ela, a classe empresarial vem investindo cada vez mais em sistemas de segurança, o que, considera ter um resultado mais eficaz do que aguardar pelo videomonitoramento público. “Às vezes nem o sistema de monitoramento, alarme, cerca elétrica e outras ferramentas são suficientes para conter a violência”, criticou.
A Folha convidou a Sesp a se pronunciar sobre o funcionamento do sistema e questionou sobre algum caso concreto em que o sistema tenha sido usado na resolução ou prevenção de algum ato criminoso, no entanto, em função da transição no governo do Estado, nenhum coordenador aceitou dar entrevista a respeito.
Em meados do mês de junho, a Folha fez uma matéria sobre o assunto, quando foi informada pelo então secretário de Segurança, Amadeu Soares, que o sistema estava em pleno funcionamento on line, onde as imagens, segundo ele, são geradas em alta definição, possibilitando vários tipos de tratamento, como a aproximação e produção de fotos.
À época, a secretaria informou que estava investindo para ampliar a capacidade de armazenamento destes dados e afirmou que o sistema já havia auxiliado em vários casos, de acidentes de trânsito e tráfico de drogas, onde as imagens foram remetidas à Polícia para auxiliarem na investigação.
A aquisição dos televisores, monitores, câmeras e cabos de fibra óptica custaram cerca de R$ 2 milhões, provenientes do Estado e da Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública). Para possibilitar a instalação das câmeras, primeiro foi distribuída uma rede de fibra ótica, em forma de anel, interligando todas as unidades de Segurança da Capital. Pelo menos três licitações foram fracassadas até que, no ano passado, a secretaria aderiu a uma ata de registro de preços, vencida por uma empresa de São Paulo, que conseguiu efetuar a entrega.
Inicialmente o monitoramento era feito por estagiários da Uerr (Universidade Estadual de Roraima), no entanto, o contrato acabou, quando funcionários da Sesp assumiram o papel. Segundo informações da secretaria, teria havido um acordo de modo que todos os órgãos da Segurança Pública cederiam servidores para realizarem o acompanhamento das imagens, em esquema de revezamento em turnos de seis horas. No entanto, até o momento este sistema não entrou em vigor.