Já imaginou receber uma certidão negativa de antecedentes criminais por e-mail? Porque isso já é possível. E por mais positiva que a novidade pareça, seu contexto não é. Foi para não prejudicar, ainda mais, os atendimentos do Instituto de Identificação Odílio Cruz (IIOC) junto à população, que a medida foi tomada. Para se ter uma ideia da crise que passa o instituto, até a internet utilizada para o envio do documento é particular, doada por um servidor.
Sem papel, toner e outros insumos para oferecer os serviços básicos à população, a equipe tem se virado como pode, conforme já noticiado pela Folha. No entanto, com a divulgação do resultado do concurso da Companhia de Desenvolvimento de Roraima (Codesaima), cresceu a demanda dos candidatos que precisam apresentar a certidão negativa junto à entidade, além de outros trabalhadores que, correndo atrás de um emprego, precisam do documento.
“Como servidor público, eu não posso contribuir para o aumento dessa crise. A medida paliativa foi tomada neste sentido, para não prejudicar ainda mais quem precisa do nosso serviço. Inclusive, a internet utilizada para o envio das certidões por e-mail, é minha”, justificou o perito papiloscopista Policial Civil, Amadeu Rocha. A medida foi tomada semana passada e, até o momento, mais de 30 certidões negativas foram enviadas. Uma, inclusive, para o Ceará.
Para melhor informar a população sobre a medida paliativa, e por não ter previsão de quando o instituto terá material novamente, um aviso estará disponível a partir de hoje, 20, na entrada do IIOC. A situação preocupa, tendo em vista que, por dia, mais de 50 pessoas passam pelo Instituto de Identificação para os mais diversos serviços, sendo a emissão da carteira de identidade e a perícia em local de crime as principais.
“Na semana passada não atendemos praticamente ninguém. Entendemos que seria resolvida a situação, mas não estamos conseguindo o material básico. O instituto está, praticamente, inoperante”, avaliou Rocha. Quanto cidadão, ele afirma que a população vem sofrendo as consequências há semanas. Quanto servidor público, por sua vez, lamentou não ter condições de cumprir com o trabalho sem o mínimo necessário.
Com a chegada do fim do ano e os atendimentos emergenciais que aparecem, Rocha torce para que a situação seja resolvida e faz um apelo. “Estou há quase 30 anos morando aqui e muito me entristece ver a conjuntura em que o Estado chegou. A população, como um todo, está sendo atingida. Portanto, se algum empresário puder doar uma internet para servir à Delegacia-Geral, e consequentemente ao instituto, seria de grande importância para, pelo menos, amenizar o atendimento à população”, finalizou.