A capacidade da internet disseminar informações em poucos segundos e para muitas pessoas está entre os artifícios mais adorados e odiados. Com a polarização política na qual o Brasil está vivendo, não é preciso muito para que opiniões virem brigas generalizadas nas redes sociais.
O que começa com uma tirada irônica, por muitas das vezes segue com ofensas e comentários pejorativos até chegar a acusações infundadas. De repente, há um turbilhão de respostas, entre memes, hashtags e xingamentos. Opiniões se confundem com argumentos e o contágio emocional é bastante evidente.
O psicólogo Wagner Moura, especializado em psicologia positiva, explica que isso acontece porque a internet permite que a pessoa expresse suas opiniões sem ser vista. “Pode ser uma coisa simples, mas é muito mais fácil eu falar pela internet do que pessoalmente. Porque se eu falar pessoalmente, tu vai me questionar e eu ou ter que saber responder, mas na internet eu não preciso disso e ainda tenho o poder de editar e modificar minhas falas”, explicou.
Wagner ressalta que atualmente, o mundo inteiro vive movimento de questionamento, que muitas das vezes é promovido e estimulado por políticos, por setores sociais e por ídolos. “Vamos supor que eu sou uma figura pública, por mais que eu diga algo na brincadeira, muitas pessoas me veem como referência, então tudo o que digo tem que ter responsabilidade, porque pode ser seguido pela multidão que me acompanha”, disse.
O que deve ser feito para evitar conflitos na internet?
Para o especialista, a guerra de opiniões na internet pode ser evitada dentro de casa. “É dever dos pais ensinar as ‘regras sociais’, para que a criança não cresça sendo um adolescente ou adulto intolerante […] A polarização tem muito a ver com o processo de educação. Então os pais precisam ensinar para os filhos que na vida, você ganha e você perde. As coisas não são sempre do jeito que nós queremos”, disse.
Interação social
“Eu acho que as crianças precisam fazer atividades em grupo onde elas aprendam relações sociais. Tá faltando isso, porque ou elas estão sozinhas ou elas estão jogando cada uma no seu celular… isso não é interação social. Essa interação social se perdeu, inclusive entre os adultos”, opinou.
Ainda segundo ele, existe uma carência de aulas de ética nas escolas brasileiras. “Eu acredito que a nossa educação devia se voltar para os valores humanos, porque boa parte dessa loucura das redes, veio dos conflitos sociais que vivemos. A internet é só um meio para que isso se espalhe mais rápido”, concluiu.
Regulamentação das plataformas digitais
No último domingo (30), o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Alexandre de Moraes, defendeu a mudança de legislação para regulamentar plataformas digitais. “As plataformas terão a liberdade de publicarem o que elas quiserem, mas com a responsabilidade que toda a mídia tradicional tem. Isso é justo para equiparar as mídias tradicionais com as novas mídias”, disse.