Os primeiros meses de vida representam o cuidado redobrado com os bebês. Na faixa etária entre dois e cinco meses de idade, diversos fatores podem colocar a criança em risco e causar a chamada síndrome da morte súbita do lactante, que é o óbito inesperado de um bebê aparentemente saudável.
Conforme explicou a presidente da Sociedade Roraimense de Pediatria, a gastropediatra Adelma Alves, a falta do pré-natal e o fumo durante a gestação ou no pós-parto estão entre as causas da morte súbita, porém, a posição em que a criança é colocada durante o sono é um dos fatores principais para que a tragédia ocorra.
“Crianças que dormem de barriga para baixo é um fator de risco. As que dormem com os pais e com utensílios no berço, como ursos de pelúcia, edredom e lençol, também correm risco. É aconselhável a criança dormir no colchão firme, nem tão duro, nem tão fofo, apenas com o lençol de elástico”, justificou.
A médica pontuou que o recomendável para bebês que possuem refluxo é o uso de travesseiros específicos, sendo também firmes e que apoiem o tronco inteiro do bebê.
“Não deve ter bichinhos no berço porque a criança pode pegar e levar para cima do rosto. O ideal é que durma com a barriga para cima com as costas apoiadas no colchão”, assegurou.
Com a posição correta, a cabeça da criança deve estar levemente virada para o lado para evitar que se engasgue com um possível vômito. Adelma frisou que a incidência dos casos em bebês no primeiro ano de vida está relacionada à falta de maturidade do tronco encefálico e das vias aéreas, que ainda não estão firmes.
CONSCIENTIZAÇÃO – A especialista lamentou que é comum encontrar pais que ainda deixam os bebês dormirem em posição incorreta, mas que em Roraima não há uma estatística específica para comparar e saber se há números maiores que os de outras localidades. “Porém, uma estatística americana mostra que mais de um terço das crianças não dorme na posição correta”, disse.
Uma das formas utilizadas pela entidade para aumentar a conscientização dos pais e responsáveis é a panfletagem feita regularmente nos consultórios médicos para que as chances de casos sejam menores. A presidente da Sociedade de Pediatria entende que, além do informativo, o principal é manter uma conversa pertinente com o pediatra.
“Isso faz parte da puericultura. Em qualquer consulta de rotina, é orientada a posição de dormir, checar o que está acontecendo e o que não está. O profissional é habilitado e não trata da doença e, sim, da prevenção do problema. Rotineiramente, chamamos atenção para esse tipo de situação”, encerrou a médica.
Falta de conhecimento sobre morte súbita ainda é frequente
Por ocorrer em crianças que não aparentam doenças, o Instituto Médico Legal (IML) chega a receber bebês para necropsia por alguns policiais acharem que eles morreram por maus-tratos.
“Em algumas situações, principalmente no interior, os colegas, por desconhecerem essa situação, acabam encaminhando os corpos para o IML como morte suspeita e não fazem uma investigação. Isso acaba trazendo um aumento da dor do pai e da mãe que acabaram de perder o filho e se tornam suspeitos de um possível homicídio”, relatou o médico legista Francisco Farias.
Ele aponta que em alguns casos o desconhecimento pode resultar em uma prisão injusta dos pais. O médico garante que é necessária uma ampla educação para evitar tanto os casos de morte súbita quanto uma possível indicação errada da causa da morte. (A.P.L)
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