Cotidiano

Postos não estão recebendo diesel com redução de R$ 0,46

Para Procon Roraima, é injusto cobrar dos postos de combustível o cumprimento do acordo se distribuidores não estão repassando desconto

Passados alguns dias do fim da paralisação dos caminhoneiros, que cobravam redução no preço do diesel, e a promessa do Governo Federal de desconto de R$ 0,46 no litro do combustível, os postos de Roraima ainda não estão comprando o diesel no valor estabelecido. É o que diz o Sindicato dos Postos de Combustíveis (Sindipostos).

Conforme os gerentes de postos, os descontos oferecidos em distribuidoras de Roraima e Amazonas estão variando entre R$ 0,20 e R$ 0,41. A situação, somada com a necessidade do cumprimento da promessa em reduzir os R$ 0,46 na bomba, faz com que postos fiquem com prejuízo financeiro, desmotivando a venda do combustível.

Para o presidente do Sindipostos, José Neto, essa desmotivação vem gerando preocupação por parte da classe administrativa de postos, que ficou desnorteada quanto ao preço que deveria ser cobrado. “Nossa preocupação é pelo fato de que não recebemos o desconto que foi prometido. Muitos postos estão repassando o desconto sem recebê-lo das distribuidoras e, com isso, estão operando em prejuízo. Com a reunião, definimos que os postos estão repassando os descontos de acordo com o que as distribuidoras repassam, para que um preço justo seja oferecido”, explicou durante reunião realizada com o Procon Roraima.

O gerente administrativo de um posto, Gilberto Araújo, comentou que o medo de ser multado pelo Procon por não aderir à diminuição de R$ 0,46 fez com que o local onde ele trabalha arcasse com esse prejuízo. “Eu diminuí os R$ 0,46, mas não fiz isso por ter condições. Fiz porque eu tinha uma arma apontada para minha cabeça, com uma multa de R$ 9 milhões. Com esse tipo de pressão, não tive outra escolha”, comentou. (P.B)

Procon afirma ser injusto cobrar desconto de R$ 0,46 aos postos

Na reunião, o coordenador-geral do Procon Roraima, Lindomar Coutinho, destacou que reconhece ser injusto por parte do órgão cobrar uma redução de preço que não foi repassada por distribuidoras. “Nós fizemos essa reunião para justamente ficar a par do repasse que os postos vêm recebendo das distribuidoras. Já que tudo indica que não está havendo uma redução de R$ 0,46 nesse processo, então é injusto autuar um posto nesse caso”, disse.

Lindomar Coutinho também frisou que a medida de acompanhar o repasse das distribuidoras, mesmo que haja a promessa da redução divulgada, não é ilegal, uma vez que a portaria encaminhada para o Procon é considerada vaga em relação ao valor exigido.

“A portaria que recebemos diz que devemos fiscalizar e garantir a redução de preço do diesel, mas ela não especifica que precisa ser de R$ 0,46. Por isso, o que estamos fazendo não é inconstitucional. Mesmo assim, torcemos para que não chegue outra determinação nos obrigando a autuar postos que não estejam com a exata redução anunciada, pois uma multa de R$ 9 milhões quebra boa parcela dos postos da cidade”, ressaltou.

O coordenador-geral do Procon Roraima afirmou que repassaria o cenário da falta de cumprimento do desconto prometido para outros órgãos. “Entraremos em contato com o Procon Municipal para repassar essa situação. Nós queremos defender os direitos do consumidor e do vendedor, para que ninguém saia prejudicado em meio a uma situação tão confusa”, finalizou. (P.B)

Postos estão divididos quanto à redução de preços

Pela cidade, postos de combustível parecem divididos sobre a decisão de arcar ou não com possível prejuízo na oferta do desconto de R$ 0,46 no litro do diesel normal e S-10. Locais que estão dando o desconto adotaram placas verdes com a citação ‘acordo cumprido’ e uma ilustração do cálculo de subtração do preço anterior para o atual. Além disso, muitos postos passaram a cobrar preços diferentes para cartão de crédito e para dinheiro.

Já os postos que não aderiram ao novo preço comentam que se sentem confusos quanto à obrigatoriedade da mudança. Este é o caso de Gilberto Araújo, gerente administrativo de um destes postos. “No início, a redução seria de R$ 0,46. Mas na quarta-feira, 6, eu vi no jornal que o ministro-chefe da Casa Civil disse que no momento a redução é de R$ 0,41. Isso é muito confuso. Estamos todos vivendo um cenário de incertezas”, relatou.

Outro gerente administrativo de posto da capital, José Américo, afirmou que se nem a própria Presidência da República está decidida, então não teria como ser diferente no caso dos postos. “O Governo Federal não sabe o que está fazendo! Um dia ele decreta a redução do diesel e agora já diz que não é bem assim. Estamos reféns de um governo que não é coerente com aquilo que diz”, desabafou. (P.B)