O preço da cesta básica do boa-vistense em março sofreu queda de 7,05% e chegou a R$ 375,37, cerca de R$ 28,46 mais barata em comparação a fevereiro, quando o valor era de R$ 403,83. Os dados do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apontam que Boa Vista passou da 8ª para a 17ª cesta mais cara entre todas as capitais brasileiras no período.
Nos três primeiros meses do ano, de acordo com o Dieese, a cesta acumulou taxa de crescimento de 3,15%. O Departamento informou que o trabalhador boa-vistense, que recebe o equivalente a um salário mínimo, cerca de R$ 880,00, comprometeu 46,36% da remuneração líquida, ou seja, após os descontos previdenciários, com a cesta básica em março. Em fevereiro, o percentual exigido era de 49,88%.
Para conseguir comprar uma cesta básica, o boa-vistense que recebe apenas um salário mínimo precisou cumprir, em março, jornada de 93 horas e 50 minutos, menor que as 100 horas e 58 minutos registradas em fevereiro. Boa Vista, com -7,05%, e Manaus, com -12,87%, foram as Capitais que mais sofreram retração no preço da cesta básica no período.
Levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o Dieese estima que mensalmente o valor do salário mínimo atual necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ser de R$ 3.736,26, ou 4,25 vezes mais do que o mínimo vigente, que é de R$ 880,00.
Na pesquisa, o órgão explicou que a queda só não foi menor devido ao período de estiagem pelo qual o Estado enfrenta, além da carência e do grande volume de exportação de produtos regionais na Capital. Segundo a técnica do Dieese em Roraima, Adisley Machado, a redução de 36,50% no preço do tomate foi fundamental para a queda no valor da cesta.
“O que influenciou essa queda foi principalmente o valor do tomate, que em fevereiro teve alta grande e agora em março voltou ao valor normal. Outro ponto em relação à cesta foi a banana, que está praticamente escassa no mercado e, por conta disso, conseguimos poucas cotações”, disse.
O Departamento pesquisou 87 estabelecimentos comerciais que englobam supermercados, feiras livres, padarias e açougues distribuídos em quase todos os bairros de Boa Vista. “Essa pesquisa abrange não somente os maiores mercados, mas também os de médio e pequeno porte. A gente acredita que o fato da pessoa ir até o estabelecimento não é só pelo preço. Às vezes essa pessoa não tem disponibilidade de ir a um supermercado longe e acaba indo num próximo a sua casa mesmo, por isso a importância da pesquisa”, destacou.
PRODUTOS – Ao contrário do que ocorreu em fevereiro, o Dieese apontou que boa parte dos produtos que compõem a cesta básica em Boa Vista apresentou redução de preço ou se manteve estável. Devido à escassez do produto, a banana regional continuou sendo o item da lista que mais sofreu reajuste de preço, com 14,48%.
Os produtos que seguiram em alta foram o açúcar, com 7,94%, o arroz agulhinha, com 6,92%, o leite em pó, com 6,23%, e o óleo de soja, com elevação de 5,62%. O feijão carioquinha (0,81%), o pão francês (0,12%), e a carne bovina (0,09%) registram pequenas altas, inferiores à média mensal apurada.
Os principais itens que mostraram percentuais retraídos no preço foram o tomate, com -36,50%, a farinha de mandioca, com -069%, e o café em pó, com – 0,55%. Na Capital, os 12 produtos que compõem a cesta básica são: carne, leite, feijão, arroz, farinha, tomate, pão, café, banana, açúcar, óleo e manteiga. Ao contrário de outros estados, a batata não é incluída na cesta do boa-vistense. (L.G.C)