A Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) definiu o reajuste anual no preço dos remédios vendidos no Brasil. Com a medida, o valor pode sofrer um aumento de até 4,33% nas farmácias do país.
De acordo com o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma), no entanto, o reajuste nem sempre se dá na prática, e os medicamentos têm subido abaixo da inflação. Diferentemente de 2018, o aumento não será aplicado conforme o tipo de remédios.
O sindicato explica ainda que o reajuste de 4,33% proposto pela CMED funciona como um teto que limita o aumento dos medicamentos no país e que o consumidor não deve senti-lo nas prateleiras já no dia 1º de abril.
“Farmácias trabalham com estoque. É possível que o consumidor ainda encontre o preço anterior meses depois em alguns locais”, afirmou Nelson Mussolini, presidente-executivo do Sindusfarma. “Além disso, a própria indústria não tem repassado esses reajustes.”
Como exemplo, o presidente citou o reajuste aplicado no ano passado. Em 2018, o reajuste foi dado em três categorias (definidas pela concorrência entre os medicamentos) com média de 2,43% emáxima de 2,84%.
“Mas o IPCA [Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo] da indústria farmacêutica foi de 1,83%. Ou seja, subiu cerca de 70% do que poderia. Por quê? Há muita concorrência. O governo nos dá autorização de aumento máximo, mas é o mercado quem regula”, afirmou.
CÁLCULO – Para definir o reajuste, a CMED calcula a somatória do IPCA com os preços de outros setores influentes (como variações do dólar e da energia elétrica) menos a produtividade da indústria farmacêutica.
Neste ano, diferentemente de 2018, o cálculo ficou acima da inflação porque o governo considerou que não houve ganho de produtividade na indústria. Isso significa que esta taxa, que poderia desacelerar o aumento, foi zero.
Confira dicas para economizar na hora da compra de medicamentos
Dada a alta variedade de fabricantes e redes de farmácia, uma dica do Sindusfarma para tentar fugir do aumento é sempre pesquisar as diferentes opções de marcas e vendedores. Segundo o presidente do sindicato essa dica funciona ainda mais com remédios mais populares, produzidos por um número maior de fabricantes.
O sindicato alerta, porém, com a ideia de estocar remédios com o objetivo de economia, por exemplo, caso a população queira aproveitar o preço antigo e realizar uma compra alta. É preciso observar nestes casos a validade do medicamento, a temperatura e a luminosidade, explica Graciliano Ramos, professor de Farmacologia da Universidade Estadual de Ciência da Saúde de Alagoas (Uncisal).
“Expor os medicamentos a temperaturas superiores ou inferiores às indicadas pode trazer reações químicas com efeitos tóxicos”, afirmou Ramos. O mesmo serve para a luminosidade. Segundo o farmacologista, a exposição intensa à luz, mesmo fria, de lâmpadas LED, pode alterar as propriedades do medicamento. “Por isso os vidros de remédios vêm na cor âmbar, para colaborar com o controle luminoso.”
Se mantiver o medicamento nas condições indicadas, Ramos disse que basta prestar atenção na data de validade, mas nunca desrespeitá-la. “Fora da validade eles perdem os estabilizantes, não mantêm a estrutura clínica, o que os deixa extremamente tóxicos e nocivos.”
No fim das contas, o farmacologista disse não ver muitas vantagens no estoque. “Especialmente se você tiver criança ou pacientes em tratamento psiquiátrico em casa. Não sei se vale o custo-benefício”, declarou Ramos.
Com informações da UOL