Cotidiano

Prédio do DSEI é destruído durante madrugada

Por segurança, moradores das redondezas precisaram deixar suas casas

FABRÍCIO ARAÚJO

Colaborador da Folha

O Corpo de Bombeiros Militar de Roraima (CBMRR) atuou em mais um grande incêndio em Boa Vista, dessa vez na madrugada de quarta-feira, 21, no prédio do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) do Leste, localizado no bairro 13 de setembro, que atende mais de 50 mil pessoas.

De acordo com um funcionário do DSEI, o incêndio começou por volta das 3h30, quando a fiação elétrica, que está em manutenção há quatro semanas, deu um problema e gerou um curto-circuito, dando início ao incêndio. Apesar da afirmação do funcionário, o coronel Gewrley Batista disse que o CBMRR só poderá se manifestar após a perícia, que já está em andamento e tem o prazo de trinta dias para que o laudo seja concluído e emitido.

“Nós fomos acionados às 3h41; às 3h48 estávamos no local, iniciando o combate ao incêndio. Por volta de 5h todo o incêndio já estava controlado e neste momento estamos fazendo o serviço de rescaldo e isolamento do prédio e do perímetro, tendo em vista que ainda há muito material combustível dentro do prédio e a estrutura também está comprometida, então há o risco de desabamento, bem como ainda sai muita fumaça e é extremamente tóxica”, explicou o coronel Batista.

Ainda de acordo com o coronel, havia muito material combustível no prédio, como papéis, documentação, botijas de gás, vacinas e venenos. E podem ter contribuído para que o fogo se alastrasse rapidamente.

Os moradores próximos ao prédio disseram que não perceberam que estava ocorrendo um incêndio e que só tomaram conhecimento quando a Defesa Civil começou a bater às portas de todas as residências orientando que acordassem as famílias e se retirassem junto com veículos automotivos das redondezas.

Paulo Roberto mora na mesma quadra em que o prédio pegou fogo e diz que depois de evacuar a sua residência, ainda conseguiu ouvir três explosões vindas do prédio. De acordo com ele, as chamas atingiram a casa de uma vizinha que precisou se retirar porque o imóvel foi interditado por 72h.

A equipe da Folha esteve no local no início da manhã e ainda havia bastante fumaça saindo do prédio. Os funcionários estavam do outro lado da avenida esperando por uma resposta dos bombeiros. Os carros da instituição foram retirados do local. De acordo com os funcionários havia 15 veículos, sendo que quatro estavam danificados pelo fogo e que um foi totalmente queimado.

O prédio ficou com a estrutura comprometida, com todas as portas e janelas queimadas, teto desabado e com paredes tortas.

“Nós iremos manter o perímetro isolado e vamos manter o serviço de rescaldo até que possamos identificar que não há nenhum risco para a população e para os moradores vizinhos ao prédio”, afirmou o coronel Batista.

Coordenador do DSEI diz que parte da história foi perdida

O coordenador do DSEI, Joseilton Câmara, disse que ainda não é possível estimar os valores de perda que o incêndio causou, mas que o sentimento dos funcionários da instituição é que uma parte da história foi destruída.

No dia anterior ao incêndio, o Distrito havia recebido um carregamento de medicamentos que deveria abastecer o estoque das comunidades indígenas por um período de três a cinco meses. Assim como foram destruídos 86 microscópios, equipamento descrito por Câmara como essencial para lidar com os casos de malária, e a perda total de um veículo da instituição.

“Tivemos vários tipos de prejuízos. Tem o histórico, porque é a vida da saúde indígena aqui no Estado, é onde praticamente se iniciou a vida da saúde indígena no Brasil. Perdemos muita coisa, além da questão patrimonial, a questão de sentimento que estamos perdendo uma parte da história”, declarou o coordenador do DSEI.

Documentos da instituição também foram queimados, como os de operação e viagens e os documentos de monitoração de pacientes que chegam e saem da cidade. Mas de acordo com Joseilton, tudo está salvo em rede e que por isso parte de documentação pode ser recuperada.

“Eu sempre falo para a equipe que o Distrito não é o prédio, somos nós e onde estivermos precisamos zelar pelas pessoas que estão na fronteira e precisam de nosso atendimento. Uma parte da nossa logística esta indo para a CASAI, nossa logística já estava mudando e estamos buscando espaço para nos alojarmos. Tem o outro distrito que é o Yanomami e que nos dará apoio”, disse Câmara sobre como funcionará o atendimento do DSEI por enquanto. (F.A)