Na edição de 20 de dezembro de 2018 do Diário Oficial do Município, chama atenção a homologação do Pregão Eletrônico 192/2018, processo 336/2018, da Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Smec), para contratação da empresa Pertec Pernambuco Técnica Eireli, por R$ 4.646.450. O contrato é para o fornecimento de contêineres que deverão ser usados como salas de aula complementares em escolas da rede municipal de ensino.
A publicação, repercutida pela coluna Parabólica de ontem, 17, gerou opiniões antagônicas entre usuários de redes sociais, com alguns defendendo a medida, alegando ser uma solução para o aumento de demandas por vagas em escolas nos últimos anos, e outros criticando, afirmando que o valor seria muito exorbitante e que não houve uma divulgação mais detalhada quanto ao tipo ou tamanho dos contêineres que serão adquiridos.
“A Smec é uma mina de dinheiro. Já teve o caso dos fardamentos inteligentes com chip, que na época custaram R$ 9 milhões, também teve o programa ‘Compasso’, que não se mostrou útil, e agora esse contrato. Esse dinheiro poderia ser usado para finalização de obras de escolas ou construção de Casas Mãe. Eu vejo um interesse por trás desse contrato”, afirmou um professor em grupo de WhatsApp.
“O contrato desses contêineres precisa ser visto direito, pois eles precisarão ser equipados com ar-condicionado, o que seria mais um custo, além da própria energia elétrica e hidráulica. Já vi projeto de contêineres ocorrerem, e eles acabam falhando, pois vão se desgastando e os reparos de aparelhos de ar terão que ser constantes. É muito caro manter um contêiner e vejo como desperdício”, apontou outro crítico ao contrato, também em grupo de WhatsApp.
Ainda por meio do aplicativo, um servidor da Prefeitura de Boa Vista chegou a prestar esclarecimentos para um grupo de jornalistas quanto à utilização do dinheiro. Segundo ele, seriam mais de 50 contêineres. O recurso utilizado para a compra teria sido repassado pelo governo federal, na época do então presidente, Michel Temer.
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De acordo com ele, os contêineres seriam utilizados pelo município para comportar o aumento de demanda por vagas na rede de ensino em meio a atual crise migratória. Ainda conforme o servidor, os contêineres já viriam equipados com ar-condicionado e mobiliário necessário para atender as crianças.
VALORES – O preço médio de um contêiner simples de 40 pés, com 12 metros de comprimento, 2,5 de altura e 2,4 de largura, é de R$ 7.500. Com o valor que a prefeitura utilizou para a compra, seria possível adquirir 619 contêineres para as 48 escolas municipais de Boa Vista que são reconhecidas pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). E ainda poderiam ser compradas 251 unidades de um contêiner mais luxuoso, com refrigeração frigorífica, encontrado por R$ 18.500, com os R$ 4,6 milhões do contrato com a Pertec Pernambuco.
IMPACTOS – O Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Boa Vista (Sitram) informou que está ciente, por meio do Diário Oficial, da contratação desse serviço.
“Estamos analisando os impactos nos ambientes de trabalho dos servidores da rede municipal de ensino. Até o presente momento, não chegou ao sindicato nenhuma reclamação formal”, complementou.
PREFEITURA – A Folha solicitou à Prefeitura de Boa Vista informações detalhadas sobre a aquisição de contêineres e a contratação da empresa pernambucana, mas não houve resposta até a conclusão da matéria. (P.B)
